Título: Em 56 minutos, o terror se espalha
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Internacional, p. H1

Em 56 minutos, quatro explosões espalharam o pânico por Londres. No total, segundo cifras provisórias da polícia britânica, pelo menos 37 pessoas morreram e 700 ficaram feridas. Cerca de 50 desses feridos se encontravam ontem em estado grave, o que poderia elevar ainda mais o número de mortos. O jornal britânico The Times chegou a informar a morte de 52 pessoas e o ministro do Interior da França, Nicolas Sarkozy, disse ter recebido informação de que estavam confirmadas 52 mortes. Segundo os investigadores, as três bombas que explodiram no sistema metroviário foram detonadas por um sistema de timer. Ainda não há indicação do sistema de detonação da quarta bomba. Mas a polícia de Londres tende a descartar a possibilidade de a explosão ter sido perpetrada por um homem-bomba.

A primeira bomba-relógio explodiu às 8h51 locais (4h51 de Brasília) no túnel entre as estações de metrô de Moorgate e Liverpool Street, na chamada City de Londres, o centro financeiro da cidade. As estações são usadas diariamente por centenas de milhares de funcionários de bancos, corretoras e seguradoras da área. Pelo menos sete morreram.

Cinco minutos depois, outra fortíssima explosão atingia o túnel que liga a Estação Russell Square à de King's Cross, principal entroncamento das redes metroviária e ferroviária de Londres. Foi o atentado que deixou o maior número de mortos: logo depois do ataque, as equipes de resgate relataram 21 mortes.

Às 9h17, 21 minutos depois da segunda explosão, uma bomba derrubou parede que separava dois túneis nas proximidades de Edgware Road, uma movimentada estação que integra quatro linhas do metrô: City, District, Circle e Bakerloo. Pelo menos mais sete pessoas morreram no local.

A última explosão da onda de ataques ocorreu às 9h47, no interior de um ônibus de dois andares, na junção da Woburn Square com a Tavistock Square - perto da Russell Square, local da segunda explosão. A capota do ônibus foi totalmente arrancada pela explosão. Segundo a polícia, duas pessoas morreram.

Por meio de um comunicado divulgado pela internet, um grupo islâmico autodenominado Organização Secreta da Jihad da Al-Qaeda na Europa reivindicou a autoria dos ataques.

O grupo apresentou-se como um braço da rede terrorista comandada pelo saudita Osama bin Laden e fez ameaças a outros países. "Advertimos aos governos de Dinamarca e Itália, e a todos os cruzados, que terão a mesma sorte do Reino Unido se não retirarem suas tropas do Iraque e do Afeganistão", dizia a mensagem, cuja autenticidade as autoridades policiais ainda hesitavam em confirmar.

O chanceler Jack Straw, no entanto, foi taxativo: "Esses ataques e sua crueldade levam a marca do grupo Al-Qaeda."

Mais de 100 ambulâncias, 250 paramédicos e 200 bombeiros participaram das operações de resgate, principalmente na Estação King's Cross, por onde muitos dos sobreviventes tiveram de sair andando pelos túneis. Os feridos foram levados para quatro hospitais das proximidades - a maioria, intoxicada pela inalação de fumaça.

Após os ataques, as estações do metrô foram fechadas e a rede de transporte da cidade entrou em colapso. Empresas de transporte fluvial que operam no Rio Tâmisa puseram seus serviços à disposição do público para ajudar às pessoas a voltar para casa. Os ônibus só começaram a circular normalmente no fim da tarde.