Título: Ninguém sabia o que havia, até surgirem os feridos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Internacional, p. H1

Por horas, ninguém sabia o que estava acontecendo no metrô de Londres. As rádios falavam sobre falhas elétricas, mas o som das sirenes e a imagem das ambulâncias, de carros de polícia e bombeiros deixaram claro que algo grave havia acontecido. As pessoas nas ruas tentavam obter informações na TV e rádio. Cabines de telefone ficaram lotadas e muitos tentavam, em vão, usar o celular. A certeza veio quando testemunhas passaram a reportar cenas de explosões, como a bomba que destruiu o ônibus de dois andares na Tavistock Square, às 9h47. Londres estava sob ataque terrorista.

O turista mexicano Isaías Prado Santiago, a mulher dele, Elvia Maria Ruiz, e o filho do casal, Isaías Yahel, de 12 anos, estavam na mesma calçada e a poucos metros dessa explosão. A família aguardava outro ônibus para um passeio turístico.

"Foi um barulho grande e em seguida muita fumaça. Não conseguimos ver mais nada, apenas pessoas correndo. Percebemos a dimensão do que havia ocorrido quando um homem passou muito machucado, o rosto coberto de sangue", disse Santiago. Segundo ele, a polícia chegou em segundos, esvaziou e cercou a área. Às 16h30, a família ainda não havia conseguido voltar para o hotel.

Apesar de jovem, o americano Sean Baran, de 20 anos, já viveu dois ataques terroristas. Ele é de New Jersey, vizinha a Nova York, e estava na cidade no 11 de Setembro. "Não podia fazer nada naquele momento. Eu tinha 16 anos e me senti impotente diante daquele desastre."

Depois dos atentados, Baran virou paramédico. Ele se mudou para Londres há dois meses e, ontem, estava num ônibus a poucas quadras da estação de Edgware Road. "Ouvi uma explosão e vi pessoas saindo assustadas da estação, correndo. Alguns gritavam por socorro", disse Baran. Apesar de abalado, ele foi para um dos postos de atendimento a vítimas com ferimentos leves, onde diz ter prestado socorro a cerca de 60 pessoas.