Título: Indústria volta a acelerar, diz IBGE
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

A indústria brasileira voltou a acelerar o ritmo de atividade em maio, depois da estagnação registrada em abril. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem crescimento de 1,3% na produção em relação a abril e uma expansão de 5,5% na comparação com maio de 2004. Os bons resultados são atribuídos à permanência dos efeitos positivos do crédito que está irrigando o consumo e das exportações. O aumento da produção de petróleo, a maior oferta de emprego e o recuo da inflação também influenciaram o desempenho da indústria. Isabela Nunes Pereira, economista da coordenação de indústria, listou essas influências positivas sobre a atividade industrial e sublinhou os dados auspiciosos do índice de média móvel trimestral, considerado o principal indicador de tendência. O trimestre fechado em maio teve produção 0,9% maior do que o encerrado em abril, após meses de estabilidade.

Para Isabela, a indústria brasileira mostrou em maio "uma mudança de trajetória, saindo de estabilidade para crescimento que atinge todas as categorias". Ela destacou que a produção industrial brasileira atingiu em maio o maior nível histórico desde o início da pesquisa do IBGE, em 1991. O recorde anterior havia sido atingido em dezembro do ano passado.

O fim da paralisação em plataformas de petróleo e o início de operação de novas embarcações impulsionaram a atividade industrial em maio. Em relação a abril, o setor de refino de petróleo e produção de álcool cresceu 7,6% e o grupo de indústrias extrativas, incluindo minério de ferro, cresceu 2%. Ambos os setores puxaram para cima o desempenho da indústria. Na comparação com maio de 2004, um dos principais impactos para o crescimento foi dado também por indústrias extrativas (17,4%) e de refino (10,4%).

Economistas de consultorias como a MB Associados e o Bradesco chamaram a atenção ontem para o que consideram uma concentração do crescimento da produção, em maio, no refino de petróleo e álcool, minério de ferro e material eletrônico. "Se fizermos uma análise mais atenta do resultado da pesquisa do IBGE, verificamos que o crescimento da produção industrial não é generalizado", diz relatório do Bradesco.

Mas Isabela sublinhou que os sintomas de aumento de ritmo da atividade industrial vão muito além do petróleo e incluem também o crescimento da demanda de consumo doméstico. Para ela, a reação mais forte dos bens de consumo semi e não duráveis (calçados, bebidas, medicamentos, carburantes, alimentos), que dependem diretamente da renda, começou a ocorrer em maio.

A aceleração da produção dessa categoria era esperada desde o início do ano, mas só agora começa a ocorrer. Os não duráveis cresceram 0,6% ante abril e 7,5% em relação a igual mês de 2004. Para Isabela, esse ainda é um sinal, pois essa é uma pesquisa conjuntural e é preciso mais informação para checar se a tendência dos não duráveis vai prosseguir.

INVESTIMENTOS

A pesquisa mostrou também que os investimentos se mantêm aquecidos, exceto no setor agrícola. A produção de bens de capital para a agricultura caiu 47,3% em maio, ante igual mês de 2004. Segundo Isabela, as reduções sucessivas nesse segmento estão ocorrendo principalmente por causa da quebra da safra no Sul do País.