Título: Queda do juro pode começar já em agosto
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Economia & Negócios, p. B5

A inflação de junho medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPC-A) do IBGE, que será conhecida hoje e deve ser muito próxima de zero ou até negativa, é o passaporte para o início de um ciclo de redução da taxa básica de juros, a Selic, já a partir de agosto. É o que revela um estudo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), feito pelo presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo, Heron do Carmo. De acordo com o especialista, se as taxas de inflação de junho e deste mês forem quase nulas, o IPC-A em 12 meses, que até maio acumula alta de 8,05%, poderá recuar para 7,2% em junho e 6,5% em julho, abaixo do limite superior da meta de inflação de 7% para este ano.

Como um dos fatores levados em conta pelo Banco Central (BC) para decidir o rumo da taxa de juros é a inflação acumulada em 12 meses, esse deverá ser um ponto que vai contar a favor da queda dos juros já no mês que vem, na análise do economista.

O movimento de redução da inflação acumulada em 12 meses já foi observado em outros indicadores de preços que registraram deflação em junho. O IGP-DI, que até maio acumulava em 12 meses alta de 8,37%, recuou para 6,50% em junho, após a deflação de 0,45% no mês passado. Também o IPC-Fipe, que até maio acumulava alta de 7,69% em 12 meses, se reduziu para 6,50% em junho, com a deflação de 0,20% no mês passado.

"Há um sinal claro de que é perfeitamente possível reduzir imediatamente os juros, tanto a taxa básica, a Selic, como os juros ao consumidor", afirma o presidente da Fecomércio-SP, Abram Szajman.

Nas contas de Heron, o IPC-A deverá andar de lado entre setembro e outubro e fechar o ano muito próximo dos 5,8% projetados pelo BC. Para o início de 2006, é muito pouco provável que se repitam os problemas ocorridos neste ano, como a quebra de safra agrícola. Com isso, os índices muito baixos de inflação verificados entre junho e agosto deste ano farão com que o IPC-A acumulado em 12 meses caminhe para o centro da meta de 4,5% prevista para entre maio e junho do ano que vem.

Além da redução dos juros, Heron lembra que a tendência de queda da inflação acumulada em 12 meses está propiciando o alongamento dos prazos dos contratos vigentes.