Título: Aviões podem parar por falta de turbinas
Autor: Alberto Komatsu, Renata Stuani e Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2005, Economia & Negócios, p. B13

A deficiência no fluxo de caixa da Varig poderá custar a paralisação de duas aeronaves até o fim do mês, com o conseqüente cancelamento de vôos, diz um técnico da empresa que pediu anonimato. São dois Boeings 737-300 que precisam de novas turbinas. Como o custo da revisão de cada motor pode chegar a US$ 2,8 milhões, a alternativa é buscar uma opção bem mais barata: o aluguel por US$ 60 mil. "Estamos correndo atrás do aluguel até o fim do mês. Caso a gente não consiga, pode existir o risco de parar (os aviões)", diz a fonte, lembrando que essa situação não implica menos segurança ao usuário.

A Varig tem fluxo de caixa de US$ 200 milhões por mês, mas a conta não fecha porque a empresa tem de arcar com despesas como manter a operação, folha de pagamento e dívidas. Só com a amortização de débitos e pagamento de juros o gasto mensal da companhia gira em torno de US$ 30 milhões por mês, calcula o técnico.

Segundo ele, o fluxo de caixa só deverá se normalizar dentro de 45 a 60 dias. Contribuíram para essa carência as recentes liminares pedidas por credores para bloquear recursos da empresa, diz. A General Electric Motores reteve os recebíveis com a venda de passagens do cartão de crédito American Express numa conta à disposição da Justiça do Rio. A Varig deve em torno de US$ 60 milhões para a GE, que faz a manutenção de algumas turbinas. "Se a Justiça permite ações desse tipo, ela acaba com a Lei de Recuperação Judicial", afirma.

O bloqueio foi determinado enquanto não houver decisão sobre a liminar da GE, diz o advogado Marcelo Fontes, do escritório Sérgio Bermudes, contratado para a recuperação judicial da Varig. Esta semana, a empresa deverá recorrer. A BR Distribuidora, fornecedora de combustíveis, também tentou bloquear os recursos da Varig, mas a Justiça negou.

Hoje, o conselho de administração deve escolher o banco e a consultoria que trabalharão na recuperação judicial da empresa.