Título: Saúde e tarifas públicas elevam inflação de idoso
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2005, Economia & Negócios, p. B4

Quase dois terços da inflação dos idosos brasileiros no último trimestre foi composta por tarifas públicas e gastos com saúde, apurou o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Reajuste do salário mínimo, energia, planos de saúde, medicamentos e passagem de ônibus representaram 1,11 ponto porcentual do índice divulgado ontem, de 1,83%. Todos são considerados pela instituição como preços administrados pelo governo. O IPC-3i, criado este ano, calcula a inflação que afeta brasileiros com mais de 60 anos. O levantamento considera que esse grupo tem mais despesas que o resto da população em saúde e cuidados pessoais, alimentação, despesas diversas e habitação. Vestuário, Transportes e Educação, Leitura e Recreação têm peso menor que a inflação apurada pelo IPC-BR, que abrange todos grupos sociais.

Segundo a FGV, a inflação dos idosos ficou pouco acima do 1,62% apurado no IPC-BR no segundo trimestre. No acumulado de 12 meses, os brasileiros com mais de 60 anos sentiram menos os aumentos de custos: o IPC-3i fechou em 6,16% ante 6,25% do IPC-BR. O IPC-3i vem caindo nos últimos três meses - em junho, foi nulo. Mas, a tendência, diz o economista André Braz, é de reversão do quadro, pois nos próximos meses haverá reajuste de tarifas de telefonia e aumento de preço de alimentos devido à entressafra de algumas culturas.

No segundo trimestre, o IPC-3i teve forte impacto do aumento do salário mínimo, que elevou em 5,66% os gastos com empregadas domésticas. A energia elétrica subiu 3,91%. Os dois itens contribuíram para a taxa de 2,05% apurada no grupo Habitação, classe de despesas com maior peso no índice (33%). Este grupo foi responsável por 0,67 ponto porcentual do 1,83% apurado pelo IPC-3i. O grupo saúde, que inclui planos e medicamentos - preços controlados pelo governo - teve impacto de 0,44 ponto porcentual.