Título: Valério terá de explicar novo aval à CPI
Autor: Eugênia Lopes e Guilherme Evelin
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2005, Nacional, p. A9

O senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios, afirmou ontem que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza terá de depor de novo para explicar um segundo aval ao PT, num empréstimo de R$ 3 milhões feito pelo Banco Rural em maio de 2003. No seu depoimento à CPI, quarta-feira, Valério garantiu que avalizara apenas um empréstimo feito pelo PT no BMG, de Belo Horizonte, em fevereiro de 2003. "Ele (Valério) mentiu e isso reforça a decisão de convocá-lo de novo para depor", disse Delcídio. "Está tudo desmoronando nessa história do Valério." Para ele, a situação do publicitário também deve se complicar no Supremo Tribunal Federal (STF). Antes de depor, Valério obteve no STF habeas-corpus preventivo que lhe permitia não responder a perguntas.

Para o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), a denúncia de que Valério foi avalista de segundo empréstimo para o PT, feita pela revista Época, é muito grave. "Aumenta mais o descrédito do Valério. Mas como ele está protegido por um habeas-corpus, fala o que quiser e ninguém pode prendê-lo", observou. Ele também defendeu a reconvocação do publicitário.

A denúncia, divulgada pelo site da Época, mostra que, em 14 de maio de 2003, o PT tomou empréstimo de R$ 3 milhões do Banco Rural, numa operação avalizadas por Valério e pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. O empréstimo foi quitado em 12 de agosto de 2004 por uma cédula de crédito bancário emitida pelo Rural.

O PT também foi contestado, porque assegurou que o único empréstimo avalizado pelo publicitário tinha sido o do BMG, no valor de R$ 2,4 milhões, avalizado pelo presidente do PT, José Genoino, Delúbio e Valério, na condição de devedores solidários. A SMPB chegou a pagar uma parcela de R$ 350 mil.

Delcídio e Serraglio se disseram favoráveis a uma acareação entre Valério e sua ex-secretária Fernanda Karina Somaggio. "Mas isso só deve ocorrer em agosto, porque a agenda da CPI é complicada e temos muita gente para ouvir", explicou o senador.

Em depoimento anteontem, Karina reiterou denúncias contra o ex-patrão e revelou que ele destruiu 25 pastas com notas fiscais e recibos de investimentos depois de conversar com o relator da CPI do Banestado, deputado José Mentor (PT-SP). Suas agências de publicidade SMPB e DNA fizeram remessas suspeitas detectadas pela CPI do Banestado.