Título: Irmã e pai de Glênio são acusados de fraude
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2005, Nacional, p. A10

O envolvimento do procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado pelo deputado Roberto Jefferson de ser o operador do mensalão, não é o primeiro escândalo de corrupção que envolve a família dele. A irmã e o pai de Glênio foram acusados de fraudar aposentadorias do INSS. A pedagoga Samira Sabbad Guedes Barbosa, de 42 anos, foi condenada em janeiro deste ano a um ano e quatro meses de prisão por estelionato e fraude contra a Previdência. A pena foi substituída pela Justiça Federal por prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa. A mãe de Samira e Glênio, Sami Sabbad Guedes, também foi apontada na época pelo INSS como beneficiária de aposentadoria irregular. O pai do procurador, o advogado Ramon Guedes, ainda aguarda julgamento de um processo de 2001.

Transferências de Marcos Valério da ordem de R$ 902 mil feitas a Guedes serão investigadas pela CPI dos Correios, bem como o seu patrimônio de pelo menos R$ 5 milhões em imóveis de luxo. Em vez das altas cifras atribuídas ao irmão, Samira foi condenada por receber uma pensão de R$ 490 no lugar de um aposentado. Ela foi presa pela Polícia Federal em junho de 2003, numa agência do Banespa em Ipanema, zona sul do Rio, quando sacava o benefício de Agostinho Gomes com uma procuração falsa. Ela estava acompanhada de Luciano Fraga Pereira, advogado identificado como seu marido e também condenado pelo crime.

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal à Justiça, Samira é acusada de lesar a Previdência em R$ 13,7 mil. Ela e Fraga sacaram o benefício pelo menos 28 vezes utilizando falsa procuração do titular. A aposentadoria, concedida em 1989, foi considerada fraudulenta pelo INSS quando Agostinho Gomes, um agricultor que ignorava o esquema, foi a um posto do órgão requisitar aposentadoria e surpreendeu-se ao descobrir que já estava aposentado no papel.

A investigação envolveu o pai de Samira e Glênio, Ramon, cujo endereço do escritório, em Ipanema, figurava nos documentos falsos como o endereço de Agostinho Gomes. Eles recorreram da sentença e o processo aguarda distribuição na segunda instância.

Ramon, que vive num apartamento luxuoso da Avenida Vieira Souto, também responde a processo na Justiça Federal por estelionato e fraude contra a Previdência, a partir da investigação de indícios de irregularidades num posto do INSS, em Copacabana. Apesar de o caso ainda tramitar na primeira instância, ele fez apelação ao Tribunal Regional Federal da 2.ª Região em 2003 por causa da apreensão de documentos em seu escritório. Procurados pelo Estado, Ramon e Samira Guedes não foram encontrados nem retornaram as ligações.