Título: Lula usa 'choque de gestão' contra crise
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

Acossado pelas denúncias que envolvem o PT e aliados, governo busca medidas de impacto administrativo para sair da defensiva

O governo prepara para esta semana o anúncio de medidas administrativas que vêm sendo chamadas de "choque de gestão". O principal objetivo é atacar os gastos públicos e desfazer a imagem de imobilismo que tomou conta do governo desde o início da crise política, provocada pelas denúncias de que o PT estaria pagando um "mensalão" a deputados. O "choque de gestão" vai na mesma direção da proposta de déficit nominal zero apresentada pelo deputado Delfim Netto (PP-SP), com a vantagem de se limitar a decisões administrativas, sem depender de autorização do Congresso. Entre as medidas que serão anunciadas, muitas já vinham sendo discutidas muito antes de entrar em cena a proposta de Delfim, como a idéia de fusão dos cadastros da Receita Federal e do INSS. Para o "choque de gestão" a idéia é atacar inicialmente em três frentes: Previdência, Saúde e Transportes.

A Previdência é o alvo principal porque se trata do maior item de despesas da União, com aposentadorias e pensões consumindo R$ 140 bilhões por ano. O cruzamento de dados da Receita e do INSS já indica o tamanho do ralo: 16 milhões de registros não conferem. E há, ainda, 9.500 beneficiários do INSS que constam como mortos em outro cadastro. Isso sem falar em 600 mil que contribuem para o INSS e recebem aposentadoria ou pensão.