Título: Perillo fará depoimento por escrito ao Conselho de Ética
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2005, Nacional, p. A6

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), entregará por escrito, na quarta-feira, um depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, confirmando que relatou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o assédio a dois parlamentares tucanos, chamados a ingressar na base aliada do governo em troca de dinheiro. Perillo diz ter conversado, em maio do ano passado, com o presidente sobre a proposta para que os deputados goianos trocassem de partido: pagamento de mesada de R$ 40 mil mais bônus de R$ 1 milhão. O conselho encaminhou perguntas ao governador, que levará as respostas pessoalmente ao presidente, Ricardo Izar (PTB-SP). A investigação no conselho foi aberta por causa de representação do presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), pedindo a cassação do mandato do presidente licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), por calúnia. O petebista acusa Costa Neto de distribuir dinheiro vindo do PT para deputados do PL.

Esta semana, vão depor no conselho duas ex-funcionárias da agência de propaganda mineira SMPB, do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado por Jefferson de levar dinheiro vivo para Brasília para ser distribuído entre parlamentares governistas.

Segundo Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Valério que confirmou o envolvimento do publicitário no suposto esquema de corrupção, as funcionárias Geiza Dias dos Santos e Simone Vasconcelos sabiam dos saques em dinheiro. Em depoimento ao Conselho de Ética, Fernanda Karina disse que Simone chegou a reclamar que ficava "cansada de contar tanto dinheiro". Geiza e Simone vão depor amanhã ou quarta-feira, segundo Ricardo Izar.

Os presidentes e relatores do Conselho de Ética e da CPI dos Correios terão reunião também esta semana para trocar informações e documentos. Izar espera que o conselho possa ter acesso ao dados obtidos com a quebra de sigilo bancário e fiscal de Valério e de suas empresas. A CPI tem autoridade para quebrar o sigilo, enquanto o conselho depende de decisões da Mesa Diretora da Câmara, do plenário e da Justiça.