Título: Facilidade para importar interrompe série de altas
Autor: Márcia De Chiara e Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

A isenção da alíquota de importação de 15 tipos de aço promovida pelo governo em março freou reajustes de preços programados pelas siderúrgicas. Os aumentos da matéria-prima para montadoras e fabricantes de peças ocorriam com freqüência, na casa dos 15% ao mês. Desde março, entretanto, as tabelas não são alteradas. Na semana passada, em reunião no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, representantes das siderúrgicas pressionaram o governo a restabelecer as alíquotas entre 12% e 15%. A redução a zero está prevista até o fim do ano.

Embora tenham liderado movimento envolvendo 10 grandes setores consumidores de aço pedindo, entre outros itens, corte de taxas de importação, montadoras e autopeças não revelam quem está importando aço, para não se indisporem com as siderúrgicas. Mas o movimento ocorre. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a importação de aço laminado a frio e a quente, muito usado pelo setor, mais que dobrou. De janeiro a maio, entraram no País o equivalente a US$ 43 milhões dessa matéria-prima, ante R$ 19 milhões em igual período de 2004. O valor inclui todos os tipos de chapas e não só os beneficiados pela isenção.

Algumas autopeças admitem estarem adquirindo de usinas da Itália e da Espanha aço em média 8% mais barato que o brasileiro. Entre as montadoras, só a Ford confirmou que trará aço dos Estados Unidos neste semestre. Uma das vantagens é que os contratos serão de longo prazo, ao contrário das compras no País, pagas à vista.

O aço representa 33% do custo de um carro, segundo as montadoras. Desde 2002, o preço do matéria aumentou 160%, enquanto os carros subiram 54% e a inflação, 53%. Mesmo com o recuo das siderúrgicas, que sequer repassaram o recente reajuste de 71,5% do minério de ferro, as montadoras prosseguem com repasses de custos aos consumidores. Em média, os carros têm aumentado entre 1,5% e 2% todo mês.