Título: Mercado melhora projeções
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

BRASÍLIA - O mercado financeiro continua a ignorar a crise política e aumentou ainda mais o otimismo com o comportamento da inflação. Pelos dados da pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada ontem, as estimativas de variação do IPCA recuaram pela oitava semana seguida, para 5,72%. Esse porcentual já é inferior aos 5,8% projetados pelo próprio BC no Relatório de Inflação do fim de junho. Apesar disso, as expectativas ainda estão longe do objetivo de 5,1% perseguido pelo BC.

A redução das estimativas de reajuste dos preços administrados é uma das razões da melhora do humor do mercado em relação à inflação. A pesquisa Focus registrou queda de 7,43% para 7,20% na previsões, abaixo da projeção de 7,3% usado pelo Copom na em junho.

A discrepância pode ser explicada pela queda da inflação medida pelos índices gerais de preços, usados como cláusula de correção de alguns administrados. A queda veio acompanhada da diminuição das estimativas de aumento dos administrados em 2006, de 5,8% para 5,75%, quase igual aos 5,7% estimados pelo Copom.

Apesar do aumento do otimismo, o mercado financeiro preferiu manter a perspectiva de que a taxa de juros só começará a cair em setembro. Para a reunião do Copom da próxima semana, as apostas estão concentradas na manutenção dos juros em 19,75%. Para agosto, a expectativa é que o Copom repita a dose e deixe os juros inalterados.

A taxa começaria a ter uma redução gradual a partir de setembro até atingir os 18% ao fim do ano. Para o final de 2006, as previsões de taxa de juros recuaram de 15,88% para 15,75% ao ano, patamar ainda superior aos 15,50% estimados há quatro semanas.

As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, por sua vez, continuaram estáveis em 3% pela segunda semana consecutiva. Apesar de estável, o porcentual estimado pelo mercado é inferior aos 3,4% esperados pelo próprio BC no Relatório de Inflação divulgado ao fim de junho.

Para 2006, as expectativas de expansão do PIB prosseguiram em 3,5% pela décima semana seguida. As previsões de superávit comercial para 2005 e 2006, em contrapartida, subiram de US$ 35,45 bilhões para US$ 35,95 bilhões e de US$ 29,97 bilhões para US$ 30 bilhões, respectivamente.