Título: Argentina espera crescer 4%
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2005, Economia & Negócios, p. B5

BUENOS AIRES - O governo argentino calcula que registrará um PIB 4% maior em 2006. Se as previsões se confirmarem, será o quarto ano consecutivo de crescimento da economia argentina, que em 2002 encerrou o mais longo período de recessão do país: 5 anos. O PIB estimado para o ano é de US$ 195,268 bilhões. A previsão de crescimento para 2006 é um dos vários pontos do projeto de Orçamento Nacional, documento confidencial publicado ontem no jornal Página 12.

Segundo o projeto - que será remetido ao Parlamento em breve - a inflação no ano que vem ficará entre 6% e 9%, o que indica queda em relação à inflação prevista para este ano, de 12%. O porcentual de dois dígitos preocupa a equipe econômica do governo porque elimina a recuperação dos salários reais. Desta forma, os aumentos salariais concedidos pelo governo ao longo do primeiro semestre estão sendo diluídos pela inflação. Só nos primeiros seis meses deste ano a inflação cresceu 6%.

Além disso, a alta da inflação causa problemas na relação do governo Néstor Kirchner com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que exige medidas urgentes para contê-la. A cotação média do dólar, no projeto de Orçamento, está prevista para 2,95 pesos. A média para 2005 é de 3,05 pesos. O governo tem especial interesse em manter a moeda americana em patamares altos, para dar maior competitividade às exportações argentinas. Por tabela, com o aumento das vendas para o exterior, o governo obtém maiores retenções sobre as exportações. As retenções são as responsáveis por grande parte do superávit fiscal dos últimos anos.

SUPERÁVIT

Tal como neste ano, para 2006 o governo Kirchner estipulou o compromisso de ter um superávit fiscal primário de 3% do PIB. Este é outro ponto de divergência com o FMI, que pressiona a Argentina para conseguir um superávit de 4% do PIB. O Fundo pretende que, com a diferença, o governo argentino reduza a dívida com o organismo financeiro e com os credores privados.

Os fundos previstos para o pagamento dos juros da dívida, no ano que vem, serão de US$ 3,482 bilhões, valor levemente superior aos US$ 3,292 bilhões destinados a esses pagamentos em 2005. O Orçamento também determina que os recursos totais da administração federal serão de US$ 32,91 bilhões, um aumento de US$ 4,6 bilhões em relação a 2005.

Além disso, há previsão de que as exportações argentinas em 2006 atingirão novo recorde, chegando a US$ 37,674 bilhões (a previsão para 2005 é de US$ 36,965 bilhões). As importações devem chegar a US$ 29,8 bilhões (US$ 27,33 bilhões em 2005).