Título: Educadores dizem que há otimismo a longo prazo
Autor: Andrea Vialli
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Economia & Negócios, p. B14

O educador Evando Neiva, sócio-fundador do Grupo Pitágoras, afirma que, apesar das grandes carências da educação pública no Brasil, existem fatores que já permitem um certo otimismo a longo prazo. Um deles é o engajamento da iniciativa privada no movimento de responsabilidade social corporativa e o direcionamento de recursos para áreas como educação. "Temos cada vez mais empresas conscientes da necessidade de se envolver na melhoria do ensino, mesmo porque uma educação precária restringe seus planos estratégicos", avalia. "Elas vêm com recursos para investir, e isso é um fato recente e bem-vindo", diz Neiva.

As políticas públicas, na última década, levaram a uma evolução na universalização das matrículas, entre crianças e jovens de 7 a 14 anos. Segundo Neiva, há dez anos o cenário era de 25% das crianças e jovens nessa faixa etária matriculados no ensino regular. Hoje o porcentual é da ordem de 90%. No entanto, as avaliações de aprendizagem efetuadas pelo próprio Ministério da Educação (MEC) continuam apontando para índices muito baixos de aproveitamento escolar, da ordem de 5%.

Na prática, a criança está na escola, mas seu rendimento continua muito aquém do potencial. "Escola de qualidade para todos se tornou o grande desafio do País", afirma Neiva. Sua opinião é compartilhada por Silvia Carvalho, coordenadora executiva do Instituto Avisa Lá, que promove a capacitação de professores. "O desafio é combater esse analfabetismo funcional, pois 55% das crianças até a quarta série não conseguem ler e escrever com precisão", diz.

Neiva aponta que o terceiro fator que permite vislumbrar um melhor horizonte para a educação pública brasileira é a cultura da avaliação do desempenho educacional, que também é muito recente no Brasil. Sistemas como o Saeb (ensino básico), Enem (médio) e Sinaes (superior) têm o mérito de promover uma radiografia da educação brasileira.