Título: Central de negócios é arma contra as maiores
Autor: Vera Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2005, Economia & Negócios, p. B13

A união em centrais de negócios tem sido uma das estratégias utilizadas pelos pequenos e médios supermercados para enfrentar o poder das grandes redes. As centrais trazem para os menores vantagens como descontos na negociação com os fabricantes, acesso à tecnologia e informação e a possibilidade de investir mais em marketing. O potencial de crescimento do negócio pode ser medido pela decisão da Apas de realizar, a partir de amanhã, a 1ª Feira de Gestão em Centrais de Negócios, no Expo Center Norte, em São Paulo, que vai reunir cerca de 200 expositores, entre fornecedores, supermercados e centrais.

"As centrais de negócios proporcionam uma grande visibilidade ao pequenos ", diz o consultor Marcos Gouvêa de Souza, especialista em varejo. Na medida em que se unem para ações conjuntas, não apenas ganham melhores condições para competir com as maiores empresas como se destacam em relação a outros pequenos não associados. Sua consultoria, a Gouvêa de Souza GS&MD, com vários estudos sobre as centrais, tem uma unidade de negócios voltada para este público.

No Brasil, na sua avaliação, as centrais são a alternativa para as pequenas sobreviverem no médio e longo prazos. Na Europa, elas se espalharam. Na França, por exemplo, representavam 5% do comércio em 1963. No ano passado já correspondiam a 20%.

"O volume de negociação das centrais tem sido expressivo. Hoje elas são o terceiro maior cliente da indústria no conjunto, atrás do Pão de Açúcar e Carrefour", diz o presidente da Associação Paulistas de Supermercados (Apas), Sussumu Honda. Elas movimentam no País mais de R$ 10 bilhões, o equivalente a 12% do faturamento do setor. Só em São Paulo são 17 centrais que reúnem 415 lojas e negociam R$ 16 milhões por mês. No Brasil, segundo pesquisa da Beluzzi & Associados para a Apas, existem cerca de 280 centrais com crescimento médio de 10% ao ano.

Com 65 lojas associadas, a Arcos, por exemplo, deixa claro que as vantagens para o pequeno vão além de conseguir descontos na compra conjunta. Segundo o diretor-geral da Arcos, Maurilio Silva, a central levanta preços, checa o atendimento ao cliente, dá consultoria técnica em açougue, padaria e em outros setores das lojas. Lucia Morita, associada da central SuperVizinho, com 47 supermercados, diz que consegue descontos nas compras da indústria de 10% a 15% em média, se o volume adquirido for significativo. "Anunciamos em conjunto em tablóides e temos cartão de fidelidade, o que seria impossível para um supermercado pequeno."

Mas há restrições. O fato de o comerciante ser obrigado a comprar um mix de produtos que a central negociou e que nem sempre fazem parte de sua linha de produtos não é bem aceito por todos. "Produto obrigatório não dá", diz Sheizin Goya, que tem um pequeno supermercado, mas não quer entrar numa central.