Título: Disputa tornou-se pública em abril
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Economia & Negócios, p. B12

PROCESSO: O embate entre siderúrgicas e mineradores de menor porte contra o poderio da Vale do Rio Doce tornou-se público em abril deste ano, quando o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) anunciou que estava entrando com processo no Cade denunciando a concentração excessiva da mineradora, não apenas no fornecimento de minério, mas também em segmentos de infra-estrutura essenciais para o escoamento da produção. A partir de 2000, a Vale iniciou uma agressiva estratégia de ganho de escala para competir no globalizado mercado de minério. Foi às compras com muito apetite, trazendo para seus quadros mineradoras concorrentes.

O processo em análise no Cade engloba as compras da Ferteco Mineração, Socoimex, Samitri e MBR, além do descruzamento das ações da Vale e da CSN, acordo que garantiu à siderúrgica o controle da mina Casa de Pedra, em Minas, mas deu à mineradora o direito de preferência nas vendas. Por tabela, na compra de mineradoras rivais, a Vale garantiu participação em terminais portuários de Sepetiba e na ferrovia MRS Logística, que atravessa as regiões Centro-Oeste e Sudeste em direção ao porto de Santos. A Vale já detinha o controle da Vitória-Minas, além de escoar o minério de Carajás por outra ferrovia própria, no Pará.

Além do ganho de escala com a compra de antigas rivais, a Vale investiu alto em logística, para melhorar seu próprio desempenho. Os concorrentes e clientes, especialmente as siderúrgicas, reclamam, porém, de um controle excessivo e fora dos padrões das concessões ferroviárias.