Título: Ex-assessor petista será julgado por sonegação de impostos
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2005, Nacional, p. A7

O juiz da 6.ª Vara Criminal da Justiça Federal, especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de valores, determinou ontem a redistribuição do caso do ex-assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, que foi preso em flagrante, na sexta-feira, no aeroporto de Congonhas, e permanece sob a custódia da Polícia Federal em São Paulo. A polícia tinha indiciado o ex-assessor por atentar contra o sistema financeiro e a ordem tributária, uma vez que não explicou a origem dos reais e dos dólares que levava quando foi preso, nem provou que tinha recolhido impostos. Mas, segundo o juiz da 6.ª Vara, Mário Rached Millani, não existem elementos suficientes para caracterizar o atentado ao sistema financeiro. Em outras palavras, Vieira da Silva deve ser julgado por violar leis tributárias, ou sonegar de impostos.

Tinha sido essa a tese defendida pelo criminalista Alexandre Simigallia Pinto, quando pediu o relaxamento do flagrante e a liberdade provisória de Vieira da Silva, na noite de sexta-feira. O juiz federal de plantão pediu então ao advogado que apresentasse certidões negativas de antecedentes criminais de seu cliente em São Paulo, Fortaleza e Brasília.

O caso encontra-se agora na 10.ª Vara Criminal da Justiça Federal, nas mãos da juíza Paula Mantovani Avelino. Ela deve receber hoje as certidões negativas que o advogado pediu nas três capitais e pode resolver nas próximas horas se Vieira da Silva permanece preso ou não, enquanto a polícia dá seguimento às investigações.

TELEFONEMAS E AGENDA

Já se sabe que os agentes federais deverão rastrear os telefonemas feitos pelo ex-assessor, que teria desembarcado em São Paulo na quinta-feira. Querem saber com quem ele conversou e com quem se encontrou. A agenda localizada entre os pertences de Vieira da Silva, onde estão anotados os nomes de 14 parlamentares, é outra fonte para as investigações.

Na sexta-feira, ao ser preso em Congonhas, o ex-assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão do ex-presidente do PT, José Genoino, teve o cuidado de apagar todas as listas de telefonemas que havia feito ou recebido pelo celular. Mas é possível recuperar todos os eles junta à prestadora de serviços, desde que haja autorização legal.

Vieira da Silva, que divide uma cela com outros presos na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, em São Paulo, continua em silêncio, sem falar com os jornalistas. Ontem pela manhã ele recebeu a visita de seu advogado.