Título: RS deve fechar ano com crescimento zero
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

Seca e dólar puxam os maus resultados do Estado pelo quinto mês consecutivo

PORTO ALEGRE - Único Estado com queda de produção industrial em maio, o Rio Grande do Sul segue apresentando índices econômicos negativos por conta da estiagem, que dizimou as safras de soja e milho, e do câmbio, que tirou a competitividade das exportações. O índice negativo de 2,4% para o PIB de maio, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o quinto seguido desfavorável ao Estado, que já acumula redução de 3,4% no ano. Como a nova colheita do principal produto agrícola gaúcho só ocorre em maio do ano que vem e a queda no real diante do dólar não está no horizonte próximo, a perspectiva é que o desempenho de todo o ano fique comprometido. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) já reduziu de 2,4% para zero a estimativa de crescimento do PIB do Estado.

A safra de grãos esperada pelos agricultores gaúchos era de 18,7 milhões de toneladas e ficou em 10 milhões. A quebra da colheita da soja chegou a 72,15%. Além disso, os produtores de arroz, que escaparam da estiagem, não estão conseguindo recuperar o que gastaram na lavoura - cerca de R$ 30 para cada saca de 50 quilos - e são obrigados a vender o produto por preços próximos de R$ 20 ou estocá-lo.

Esse quadro vai fazer a indústria de esmagamento de soja trabalhar com ociosidade e também levou a indústria de máquinas agrícolas do Estado, responsável por 60% da produção nacional, a uma crise. As vendas do segmento caíram 70% até maio e forçaram as empresas a demitir 3,5 mil pessoas.

"Esse é um setor triplamente atingido", constata a economista Clarisse Castilhos, da Fundação de Economia e Estatística (FEE). "Além da seca, a indústria de máquinas agrícolas é afetada pelo câmbio, que limita exportações, e pelos juros, que inibe os financiamentos que os agricultores tomariam para investimentos."

A valorização cambial também prejudicou fabricantes de móveis e de calçados e obrigou-os a demitir pessoal.