Título: Só a indústria gaúcha não cresce
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

Estiagem está por trás do desempenho ruim do Rio Grande do Sul; no Sudeste, São Paulo cresce acima da média nacional

RIO - A indústria do Rio Grande do Sul foi a única de 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a apresentar resultado negativo em maio. Para a economista Isabela Nunes Pereira, da coordenação de indústria do IBGE, a explicação para esse desempenho está no fato de a indústria local estar muito vinculada à atividade agrícola, que sofreu com a quebra de safra local (ler ao lado). A pesquisa mostra ainda que a indústria paulista manteve resultados positivos e acima da média nacional em todos os indicadores em maio, mês no qual os dados regionais do setor confirmaram aceleração no ritmo de atividade. Em São Paulo, houve aumento de 6,3% na produção ante maio de 2004 e a expansão já acumula crescimento de 5,8% no ano. Segundo Isabela, os resultados regionais mostraram ritmo mais intenso do setor industrial em maio, como havia mostrado a pesquisa nacional, divulgada na semana passada. "Por enquanto o que se vê é um ganho de ritmo, e os resultados disponíveis de junho (produção de aço e automóveis e indicadores de energia) já acenam com permanência do ritmo de atividade no mês", disse Isabela. A economista acredita que se os resultados de maio forem mantidos em junho, como parece, "teremos um segundo trimestre melhor do que o primeiro" para o setor industrial.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados mostraram uma desaceleração geral do crescimento, exceto em São Paulo, que continuou sustentando o crescimento nacional. "A manutenção de uma alta evolução da indústria em São Paulo, dado o elevado peso deste Estado na estrutura industrial brasileira, explica o resultado global brasileiro muito mais favorável", conclui o Iedi em relatório sobre a pesquisa.

A indústria sueca Sandvik, fornecedora da indústria de autopeças e localizada em Santo Amaro, São Paulo, é um exemplo do dinamismo industrial do Estado que deverá elevar a produção em 16% neste ano ante 2004. O gerente da fábrica, José Fiorezi, disse que cerca de 70% da produção da empresa são exportados, mas há crescimento também no mercado interno. "Não estamos em aceleração, estamos em ritmo acelerado", disse.

A indústria paulista responde por 40% da produção do setor no País. O aumento de 6,3% ante igual mês de ano anterior foi o 19.º resultado positivo consecutivo no Estado, com 14 das 20 atividades pesquisadas contribuindo positivamente para a formação da taxa geral.

Em maio, a indústria do Amazonas, mais uma vez, apresentou elevadas taxas de crescimento. Na comparação com igual período de 2004, os resultados mostram elevação de 24,6% no índice mensal (a décima taxa positiva consecutiva). A explicação veio de novo do boom na produção de aparelhos celulares, já que o setor de material eletrônico e equipamentos de comunicações é o principal responsável pelo dinamismo no Estado, por meio da produção na Zona Franca de Manaus. No mês, o crescimento deste setor chegou a 55,1%.