Título: Inflação baixa influenciará índice de 12 meses até julho de 2006
Autor: Sonia Racy
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Economia & Negócios, p. B2

Tudo indica que nos meses de junho, julho e agosto a inflação deve ficar bem abaixo de 1%, índice bastante inferior aos 2,4% registrados no mesmo período de 2004. Para Heron do Carmo, presidente do Corecon-SP, isso é importante porque essa inflação baixa vai se incorporar ao índice de 12 meses até praticamente julho do próximo ano - às vésperas das eleições -, puxando-o para baixo. "Como o índice de 12 meses é muito importante para a política monetária, isso permitirá uma redução persistente da taxa de juros."

O economista não acredita que essa queda comece na reunião da próxima semana: " A inflação de 12 meses, apesar do forte recuo, ainda está acima da meta de 7%. Além disso, há uma certa incerteza em relação ao petróleo e ao desenrolar da crise política. " O mais provável é que o Copom se decida pela manutenção da Selic em 19,75%. "Mas, se o BC tiver evidências nos índices que serão divulgados ainda em julho, de que também a inflação de agosto será baixa, poderá tranqüilamente antecipar a queda dos juros para agosto."

Os analistas da LCA vão no mesmo tom. Consideram que a farta liquidez internacional, a elevada taxa de juros doméstica e os elevados superávits na balança comercial vão continuar pressionando o dólar para baixo. "Com o câmbio persistindo no atual nível, a inflação tende a permanecer bem-comportada, mesmo ante a expectativa de que a deflação observada nas últimas apurações não se repita ao longo do segundo semestre."

Apontam, porém, para três focos de risco de retardamento do corte da Selic: o preço do petróleo, a reaceleração da atividade econômica doméstica, que tem registrado intensidade surpreendente, e a crise política. "Eventuais mudanças na diretoria do BC poderão fazer recrudescer a postura conservadora da autoridade monetária, que tenderia a adiar a redução da Selic para reafirmar seu comprometimento com as metas de inflação. E, com isso, afastar eventual impressão de que as mudanças teriam sido realizadas para favorecer uma política monetária mais frouxa."

BR IMPRESSÃO DIGITAL Manoel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F, acaba de voltar da Europa, onde esteve em contato com grandes investidores. A partir desses contatos, concluiu que a comunidade financeira internacional definitivamente conseguiu separar "crise política" e "gerenciamento de riscos de mercado" em relação ao Brasil.

"Malas de dinheiro podem ser vistas de duas formas. Como um sinal de que a economia informal é muito forte ou, também, como sinal da vitalidade do sistema financeiro, pois é muito difícil fazer uma operação de lavagem sem ser flagrado", avalia Cintra Neto.

NA FRENTE

ONLINE

Para Cintra Neto, a curiosidade sobre como o Brasil administra história política tão turbulenta contribuiu para que nomes como John Hull, Paul Krugman e Emanuel Derman tenham confirmado presença no 2.º Congresso Internacional de Derivativos, que se realiza em agosto em Campos do Jordão.

"Daqui até lá, parte da poeira da crise política terá assentado e será a oportunidade ideal para uma avaliação mais profunda sobre os rumos que o Brasil tomará nas duas estradas abertas: da economia formal e informal."

ALÔ PETROBRÁS

Na Petrobrás pode não haver "a menor aflição", como disse ontem o ministro Silas Rondeau. Mas o fato é que pelas contas de alguns analistas, neste momento, a defasagem entre o preço interno da gasolina e os preços internacionais do petróleo bate em 19,3%.

DOCE, DOCE

Reinaldo Grasson de Oliveira, consultor da Deloitte, disse ontem em simpósio da indústria sucroalcooleira, em Piracicaba (SP), que o setor é a bola da vez nos grandes negócios de compra e venda de empresas no Brasil.

A consultoria recebeu uma dezena de consultas de grandes investidores da Europa (especialmente Alemanha e França), dos EUA e traders interessados em comprar empresas brasileiras desse segmento.

SEM SURPRESA

Para o consultor político Ney Figueiredo, os resultados da pesquisa CNT/Sensus não chegaram a surpreender. "Eles estão coerentes com a cobertura da mídia da crise política. Para a sociedade os grandes vilões são os políticos, a Câmara, o Senado e os dirigentes do PT, que foram afastados."

Além de o presidente Lula, até o momento, ter sido preservado, a economia vai bem, sem provocar mudanças sensíveis no índice de satisfação dos cidadãos.

COMENDA

Abílio Diniz recebe hoje, das mãos da ministra de comercio exterior da França, Christine Lagarde, a medalha Chevalier dans l Orde National de la Légion d Honneur.

Criada em 1804 por Napoleão, trata-se da comenda máxima dada pelo governo francês a quem contribui com os negócios no país.

MADE IN BRASIL

Sete empresas brasileiras do setor de máquinas agrícolas participam a partir de amanhã, em Bogotá, da 15ª Agroexpo 2005. Com apoio da Abimaq e Apex-Brasil.