Título: Ministro da Defesa libanês escapa ferido de atentado
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Internacional, p. A15

Murr é o primeiro aliado da Síria a ser alvo de ataque com bomba

BEIRUTE - O ministro da Defesa do Líbano, o cristão Elias Murr, de 43 anos, escapou ontem com ferimentos leves de um atentado com carro-bomba que matou, em Beirute, um de seus guarda-costas e feriu outras 12 pessoas. A tentativa de assassinato é a última de uma série de explosões de bombas que põem em risco o frágil equilíbrio entre as facções políticas no Líbano.

Ao contrário dos últimos quatro atentados, que tiveram como alvo opositores da interferência da Síria no país, este atingiu um forte aliado dos sírios.

Murr é genro do presidente pró-sírio Emile Lahoud, que tem pressionado pela sua permanência no futuro governo libanês, em fase de formação. Como responsável pela pasta da Defesa, Murr é acusado por grupos anti-Síria de ter informações sobre os responsáveis pelo atentado que em fevereiro matou o ex-primeiro-ministro Rafic Hariri.

"Há um plano para eliminação de toda testemunha com informação sobre o assassinato de Rafic Hariri. Acho que essas matanças vão continuar até os serviços de segurança terem sido expurgados.", afirmou o líder druso Walid Jumblatt a uma TV Local. Jumblatt é um dos dirigentes da coalizão anti-Síria, vencedora das eleições parlamentares de junho.

A explosão de ontem ocorreu por volta das 10h30 quando o comboio de veículos do ministro da Defesa atravessava o bairro nobre de Naqash, sede de embaixadas e residências de diplomatas. Murr dirigia o próprio carro, um Porsche, em uma rua estreita, quando o carro-bomba estacionado nas imediações explodiu. A polícia acredita que a bomba foi plantada num veículo e acionada por controle remoto.

Foi uma explosão tão potente que abriu uma cratera no meio da rua. Entre os feridos estavam a mulher do embaixador do México, que foi medicada num hospital e depois liberada.

Coincidentemente, ontem o novo primeiro-ministro, Fuad Saniora, encaminhou a Lahoud sua sugestão de 30 nomes para o ministério, escolhidos depois de consultas com as bancadas parlamentares. Saniora não revelou à imprensa nenhuma das indicações, mas disse que Lahoud lhe prometeu apresentar hoje seu parecer.

Embora o Parlamento do Líbano seja dominado pela coalizão anti-Síria - que tem entre seus líderes Saniora e o filho de Rafic Hariri, Saad -, esse grupo não tem liberdade para formar o governo, pois no sistema político libanês o presidente tem a palavra final. E Lahoud tem indicado que vetará um gabinete francamente favorável aos grupos anti-Síria.

Saniora declarou que o atentado reforçou a urgência da formação imediata do gabinete e de ações para impedir a deterioração da segurança no país."

Esses eventos políticos, sociais e na área da segurança requerem um governo com o apoio de todos os partidos políticos", afirmou ele.