Título: PF invade Daslu e prende a dona
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2005, Metrópole, p. C1

Os agentes federais chegaram à casa da empresária Eliana Maria Piva de Albuquerque Tranchesi às 6 horas de ontem. Exibiram os mandados de prisão e de busca aos seguranças e receberam um pedido: a empresária queria um tempo para se vestir. Meia hora depois, da janela de sua mansão no Morumbi, zona sul de São Paulo, ela ouviu de um delegado federal a ordem de prisão. Eliana soube que sua loja, a Daslu, templo do consumo de luxo, estava sendo alvo da Operação Narciso, que envolvia a Receita, a Polícia e o Ministério Público Federais. O objetivo era apurar os crimes de formação de quadrilha, sonegação fiscal, falsificação de documentos e contrabando. Às 20h30 de ontem, Eliana foi liberada e saiu pelos fundos da PF.

Além de sua casa, outros 32 endereços em São Paulo e 3 em outros Estados foram vasculhados por 250 agentes e 80 auditores fiscais. A empresária, com o rosto escondido, foi levada à sede da PF às 9h30 e prestou depoimento. Disse que cuidava só do marketing da loja e a organização financeira estava a cargo de seu irmão, Antonio Piva Albuquerque, também preso. Ao todo, a Justiça decretara a prisão de quatro pessoas - uma está foragida.

O procurador da República Mateus Baraldi Magnani explicou à tarde por que pediu à Justiça a revogação da prisão da empresária. "Ela era necessária para evitar o sumiço de provas. Como tudo foi apreendido, ela deixou de ser necessária." Dezenas de caixas de documentos, computadores e notas fiscais foram apreendidos.

"Esse é mais um golpe no crime organizado, que serviu para desarticular uma quadrilha que tinha como objetivo a sonegação de impostos", disse José Ivan Guimarães Lobato, superintendente da PF em São Paulo. Na antiga sede da Daslu, os agentes acharam caixas de documentos com um bilhete: "Para incinerar."

Na nova Daslu, na Vila Olímpia, 30 agentes com pistolas e submetralhadoras desarmaram os seguranças. De um ônibus, desceram os auditores fiscais que acompanharam as buscas nos 3º e 4º andares. Às 9 horas, começaram a chegar os funcionários. O trabalho durou até o começo da tarde. Nenhuma mercadoria foi apreendida e a loja abriu normalmente.