Título: Agronegócio deve faturar 14,6% menos este ano
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2005, Economia & Negócios, p. B4

O faturamento do setor agropecuário, calculado com base nos 25 principais produtos, deverá cair 14,6% este ano, segundo estimativas divulgadas ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A entidade calcula que o Produto Interno Bruto da agricultura deve fechar o ano em R$ 83,65 bilhões, 12,3% menos que os R$ 95,43 bilhões de 2004, por causa do câmbio desfavorável às exportações e da queda dos preços agrícolas no mercado externo. O chefe do Departamento Econômico da CNA, Getúlio Pernambuco alertou para o risco de menor oferta de alimentos no médio prazo. "Neste momento, os consumidores são beneficiados, pagando menos pelos alimentos. Mas isso é solução de curto prazo, pois repercutirá em redução da produção e, com a queda de oferta, a tendência é de os preços aumentarem."

A CNA avalia também que as exportações do agronegócio deverão fechar o ano com saldo de US$ 35 bilhões, ante US$ 34,1 bilhões no ano passado. As exportações devem somar US$ 40 bilhões (US$ 39 bilhões em 2004). Ou seja, praticamente não haverá crescimento. Para o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizete Beraldo, as exportações do agronegócio estão perdendo fôlego. Em junho deste ano, o setor exportou US$ 4,2 bilhões ante US$ 4,4 bilhões em igual mês do ano passado. "Houve aumento das exportações de carnes, café, açúcar e álcool, mas isso não é suficiente para compensar a queda nos embarques de soja."

Estimativas da CNA indicam que as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) vão render US$ 8 bilhões em 2005. Se confirmada, será uma queda em relação ao resultado do ano passado, quando as exportações de soja renderam US$ 10 bilhões ao País. A previsão foi feita com base no resultado dos embarques no primeiro semestre do ano. As exportações de soja somaram 18,922 milhões de toneladas. Em igual período do ano passado, as vendas somaram 18,968 milhões de toneladas. A diferença no volume embarcado não compensou o câmbio desfavorável.

No acumulado de janeiro a junho, as exportações do complexo soja somaram US$ 4,36 bilhões, 20% a menos que os US$ 5,46 bilhões registrados entre janeiro e junho de 2004. De acordo com Beraldo, na média dos 6 primeiros meses de 2004, o preço médio de exportação do complexo soja era de US$ 287,9 por tonelada. No primeiro semestre deste ano, o preço médio foi de US$ 230,7 por tonelada, queda de 19,8%.