Título: Pelo menos 1 terrorista morreu no ataque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Internacional, p. A13

Scotland Yard tem fortes suspeitas de que os outros três, todos britânicos, também tenham morrido nas explosões de quinta-feira LONDRES - O chefe de operações antiterroristas da Scotland Yard, Peter Clarke, disse ontem que pelo menos um dos terroristas responsáveis pelos quatro atentados de quinta-feira na capital britânica morreu na explosão. Há fortes suspeitas de que os outros três terroristas também tenham morrido nos ataques. Documentos pertencentes aos suspeitos teriam sido encontrados pelos investigadores nos locais dos atentados. Todos os quatro eram britânicos. Segundo Clarke, há "evidências muito claras" de que um dos terroristas morreu na Estação Aldgate. Os técnicos teriam encontrado, além de outras provas não reveladas, as impressões digitais dele.

Os jornais britânicos elogiaram o desempenho da Scotland Yard, considerada uma das polícias mais eficientes do planeta, que em apenas cinco dias conseguiu montar boa parte do quebra-cabeças. "Será a maior, mais intensiva e mais seletiva investigação da história da polícia britânica", disse um assessor de Clarke. Mil agentes participam da operação.

Os técnicos em criminalística colheram várias toneladas de material (destroços de vagões e do ônibus), centenas de documentos, cartões de crédito e 1 milhão de bilhetes do metrô com impressões digitais.

Foram também ouvidos e avaliados centenas de testemunhos. Mas, segundo Clarke, foi pela análise de 2.500 fitas de vídeo das câmeras de TV instaladas nas estações e no interior das composições que se chegou à identidade de todos os suspeitos. A polícia não divulgou a identidade de todos, mas entre eles, segundo The Times, estão dois jovens de Leeds mortos nas explosões: Hasiv Hussain, de 19 anos, e Shehzad Tanweer, de 22.

O telefonema da família de um desaparecido levou a um dos suspeitos. O corpo e os documentos dele foram encontrados no ônibus destruído perto da estação King's Cross. Ele foi incluído entre os possíveis autores dos atentados quando um técnico da Scotland Yard descobriu sua imagem num dos vídeos analisados.

Segundo o chefe de operações antiterroristas da Scotland Yard, os terroristas chegaram a Londres de trem, procedente de Leeds - cidade com grande concentração de muçulmanos. Eles chegaram juntos à estação de metrô King's Cross e foram vistos - ainda juntos - no circuito interno de TV 20 minutos antes das explosões no metrô.

Segundo o Times, o MI6 (serviço secreto exterior) trabalha com a hipótese de uma conexão asiática. Pelo menos três dos quatro suspeitos são britânicos de origem paquistanesa. O jornal informou ainda que os explosivos usados são de origem militar, procedentes possivelmente da Croácia ou Bósnia. São do tipo Semtex, fabricado na antiga Checoslováquia e muito usado na década passada pelo IRA (Exército Republicano Irlandês).

SUSPEITOS DETIDOS

Numa blitz em Leeds, a polícia interditou as Ruas Colwyn e Tempest do bairro de Beeston, onde moram milhares de muçulmanos paquistaneses e também indianos, retirou pelo menos 600 pessoas do local e invadiu cinco residências. Numa delas, encontrou explosivos. Outras cinco casas foram revistas pela polícia em West Yorkshire, perto de Londres. Nessas operações, seis suspeitos de dar apoio logístico aos terroristas foram detidos - entre eles um parente de um dos supostos terroristas mortos nos ataques. "Não podemos dar detalhes sobre essas investigações que, é claro, estão relacionadas aos ataques", disse o chefe da Scotland Yard, Ian Blair.

Continuam hospitalizados 56 dos 700 feridos nos atentados que mataram 52 pessoas. A Scotland Yard anunciou ontem a identificação de mais 11 mortos, entre eles dois britânicos, Jamie Gordon, de 30 anos, e Philip Stuart Russell, de 28, e um americano, Michael Matsushita, de 37 anos (ler abaixo). Quinze poloneses continuam desaparecidos, confirmaram as autoridades de Varsóvia.

O dia de ontem em Londres só não foi absolutamente normal porque a cidade continua fortemente policiada. Além disso, as forças de segurança encontraram pela manhã um automóvel carregado de explosivos em Luton, na zona norte da cidade. E, no fim da tarde, foi decretado estado de alerta no edifício da Câmara dos Comuns, mas depois de minucioso exame a medida foi suspensa.