Título: Declaração da China é criticada
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2005, Economia & Negócios, p. B6

O grau de desconfiança entre os países parece alta. As divergências não se limitaram ao conteúdo das negociações, mas também se referiam ao resumo final da reunião feito pelo presidente das negociações, o ministro chinês Bo Xilian. Seu relato desagradou a muitos. Para um dos negociadores brasileiros, Clodoaldo Hugueney, o resumo foi do "mundo das fantasias".

Apesar de a convergência nas negociações ocorrer em só um dos três capítulos das negociações agrícolas, Bo tentou passar a idéia de que há muitos pontos de convergência. Resultado: foi obrigado pelos demais países a refazer o texto final.

O Brasil se irritou quando Bo disse que um consenso estava sendo fechado sobre uma fórmula mais ousada no corte de tarifas para o comércio de bens industriais. A delegação suíça chegou a abandonar a sala de reuniões durante a leitura da declaração.

O comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, queixou-se sobre a citação chinesa de que alguns membros do G-8 teriam aprovado a idéia de um corte total de subsídios a exportação ate 2010.

O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, afirmou que as negociações da OMC haviam sofrido um novo retrocesso após os avanços de terça-feira com a proposta do G-20 e o apoio recebido pelos ricos. Segundo Lavagna, a UE teria mudado de idéia ontem sobre seu apoio a proposta. Diante do suposto retrocesso, ele também se recusou a fazer qualquer concessão no tema industrial para os países ricos.

Os europeus rapidamente tentaram desmentir o retrocesso ou qualquer mudança em suas posições em relação a proposta do G-20. "Isso e ridículo. Só pedimos a palavra para solicitar que nossas preocupações em relação ao documento do G-20 fossem incluídas no resumo das negociações agrícolas", disse a comissária de Agricultura da União Européia, Marianne Fischer Boel .