Título: Presidente troca mais quatro ministros e rebaixa Gushiken
Autor: Tânia MonteiroLeonencio Nossa BRASÍLIA - A
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Nacional, p. A4

Saem Aldo, Jucá, Tarso e Eduardo Campos; Secom e Secretaria de Direitos Humanos perdem status de ministério

BRASÍLIA - Ao promover mais uma etapa da reforma do primeiro escalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu rebaixar o secretário de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, responsável por toda a publicidade federal. Gushiken perdeu o status de ministro e, a partir de agora, sua secretaria ficará subordinada à Casa Civil do Planalto, comandada por Dilma Rousseff. De acordo com informações oficiais da Presidência, Gushiken - um dos petistas que são alvo de denúncias - continuará a cuidar da estratégia de comunicação do governo. As mudanças foram anunciadas pelo próprio Lula durante reunião ministerial de uma hora e quinze minutos realizada no Salão Oval do Palácio do Planalto, logo depois da posse do sindicalista Luiz Marinho no Ministério do Trabalho. Gushiken não participou desse encontro. O presidente, que prometera concluir a reforma nesta semana, embarcou ontem para uma viagem de três dias à França e adiou o desfecho para a semana que vem.

Ainda assim, muitas decisões já foram tomadas. Outra secretaria que perdeu o status especial foi a de Direitos Humanos, que passará a ser subordinada ao Ministério da Justiça. Ao contrário de Gushiken, o titular dessa secretaria, Nilmário Miranda, decidiu deixar o governo imediatamente, com a alegação de que precisa se dedicar à campanha interna pela presidência do PT de Minas.

FUSÃO DE MINISTÉRIOS

Lula anunciou também a criação da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e Relações Institucionais, que ficará sob a gestão de Jacques Wagner. A nova secretaria terá status de ministério e resultou da fusão do chamado "Conselhão" com a Secretaria de Coordenação Política, cujo titular, Aldo Rebelo, vai finalmente reassumir o mandato de deputado pelo PC do B de São Paulo.

Além de Aldo, vão voltar para o Congresso os ministros de Ciência e Tecnologia, deputado Eduardo Campos (PSB-PE), e da Previdência, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Campos será substituído pelo atual presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Sérgio Resende, que é filiado ao PSB. Não foi divulgado quem ficará no lugar de Jucá, embora um dos nomes mais cotados seja o do atual secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy.

O ministro afastado da Previdência é outro que está sendo alvo de denúncias e é até objeto de investigação aberta por autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Lula não deu indicação também sobre a eventual substituição do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que também está sob investigação do STF.

NOMEAÇÃO E EXTINÇÃO

Embora tenha confirmado na reunião que o novo presidente do PT, Tarso Genro, vai deixar o Ministério da Educação no dia 27, Lula não citou o nome de seu substituto, que já é conhecido: Fernando Haddad, atual secretário-executivo do MEC. Para segunda-feira, aguarda-se a nomeação do substituto de Jucá, possivelmente do sucessor de Meirelles e até mesmo a extinção da Secretaria da Pesca, que será reincorporada ao Ministério da Agricultura.

Também deverá ser anunciada a substituição dos presidentes da Infraero, Carlos Wilson, e da Petrobrás, José Eduardo Dutra, que serão candidatos nas próximas eleições. Lula pediu para que os ministros decididos a disputar cargos eletivos em 2006 deixem seus cargos agora para que os programas de governo não sofram modificações logo início do ano que vem, atrapalhando a gestão administrativa.

A idéia do presidente é de dar início a um enxugamento da máquina administrativa, com a redução do número de cargos de confiança.