Título: Não devo e não temo, diz Dirceu
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2005, Nacional, p. A11

O deputado José Dirceu procurou responder na sessão da Câmara à denúncia de um suposto esquema no qual a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), pagava mensalidade a petistas para que empresas não fossem fiscalizadas pelo INSS. "Há auditoras que estão sendo processadas, que foram flagradas cometendo ilegalidades, pela própria fiscalização do governo federal, e que levantaram série de denúncias contra ex-presidentes, ex-ministros do INSS e da Previdência, envolveram o meu nome, quero mais uma vez repelir como infundadas, caluniosas todas afirmações que foram veiculadas através de uma gravação, que por decisão judicial foi liberada para a imprensa", disse. "O senador Amir Lando (ex-ministro da Previdência) está dando satisfações mais do que cabais ao País, e a Previdência publicou hoje (ontem) os dados que refutam todas as afirmações, porque a fiscalização no caso aumentou no Rio de Janeiro, ao contrário do que querem fazer crer", discursou o ex-ministro. Ele disse que está à disposição do Ministério Público e da Câmara para dar esclarecimentos, se for chamado.

Dirceu confirmou que vai prestar depoimento no Conselho de Ética da Câmara na primeira semana de agosto sobre as acusações do deputado Roberto Jefferson, de que Dirceu seria o chefe do maior esquema de corrupção no governo. "Não vou deixar de ir a nenhum foro de investigação, porque não devo e não temo", concluiu.

Durante a rápida intervenção que fez no plenário da Câmara, Dirceu negou que tenha pedido ao relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), para não ser convocado a depor na comissão. "O que expus ao senador e já expus ao País é que houve sim uma CPI do caso Waldomiro Diniz, no Rio, local dos fatos, ano e local, 2002, antes do governo atual, do qual, com muita honra, fiz parte. E essa CPI tem sim conclusões. Há 20 ações cíveis, 40 indiciados eu não sou sequer citado, como há um inquérito policial, acompanhado pelo Ministério Público, que também não sou citado. O que pedi foi justiça."

JEFFERSON

A auditora do INSS Maria Auxiliadora de Vasconcelos, que revelou um suposto esquema de corrupção envolvendo a Firjan, trabalhou no fim dos anos 90 na Coordenação de Arrecadação e Fiscalização, controlada à época por Roberto Jefferson (RJ). Auxiliadora foi presa em maio deste ano por suspeita de fraude.

O ex-superintendente do INSS no Rio Jackson Vasconcelos confirmou a informação. "Quando assumi, fui informado de que a Coordenação de Arrecadação era do Jefferson e que ali não deveriam ser feitas mudanças. Jefferson indicou a coordenadora Ivone Barros e Maria Auxiliadora fazia parte da estrutura." Colaborou: Luciana Nunes Leal