Título: Presidente sobe ao palco de Gil e reencontra o aplauso
Autor: Cida Fontes e João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2005, Nacional, p. A12

O presidente Lula foi dormir reconfortado em Paris, após ter sido aplaudido por uma multidão de 50 mil pessoas na Praça da Bastilha, quando foi chamado ao palco por seu ministro da Cultura, Gilberto Gil, responsável pela animação do megashow, um dos pontos altos do Ano do Brasil na França. Emocionado com a manifestação, Lula rompeu o protocolo, que não previa discurso, e se dirigiu à multidão no local mais simbólico da revolução francesa. "O Brasil é grande não pelas dimensões, mas pela grandeza de seu povo", disse, enquanto espectadores faziam coro: "Lula! Lula!Lula !" Lula contou que vem à França desde 1980, mas nunca imaginara que estaria em Paris como presidente, ao lado de Jorge Benjor e Gilberto Gil, num show comemorando o Ano do Brasil na França.

"O ser humano será do tamanho que imaginarmos. Se pensamos pequeno ele será pequeno, mas se pensarmos grande ele será grande", disse, acrescentando que sentia muito orgulho de ter vivido um momento excepcional. Lula permaneceu pouco tempo no local e depois foi, com sua mulher, Marisa, para o Hotel Marigny, onde está hospedado.

Antes, na prefeitura de Paris, reduto dos socialistas, o prefeito Bertrand Delanoe disse que "o Brasil está no coração dos parisienses por sua música, seu teatro, seu futebol e suas cores". Por isso, ele pretendia saudar "o camarada Lula da Silva", definido como o presidente sindicalista por sua luta e por sua história. "Lula você é um símbolo do Brasil e do mundo para todos os que querem que a miséria recue."

O coquetel no salão nobre da prefeitura de Paris reuniu cerca de 500 convidados, entre franceses e brasileiros, inclusive a ex-primeira-dama Danielle Mitterrand e o ex-primeiro ministro Pierre Mauroy. Lula já mais solto em relação a intervenções anteriores, explicou que Paris é o símbolo também da luta pela liberdade. "A França continua solidária, engajada na luta contra a fome e a miséria no mundo".