Título: Severino vai à TV culpar governo pela crise
Autor: Cida Fontes e João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2005, Nacional, p. A12

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), vai ocupar horário na TV, amanhã à noite, na tentativa de defender o Legislativo e transferir para o Executivo a responsabilidade da crise política. "Até agora estamos sem falar nada. Estamos levando a culpa sem ter", afirmou Severino, após a reunião da Mesa que decidiu pelo pronunciamento. O discurso de quatro minutos, em rede nacional, será no tom de que a crise partiu do governo federal e atingiu a Câmara, assim como chegou a outros segmentos, como empresas privadas e públicas.

O terceiro secretário da Mesa, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), citou o fato de que, à exceção do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), os principais nomes citados nos escândalos não são de parlamentares. Ele lembrou que o deputado José Dirceu (PT-SP), que reassumiu o mandato na Câmara, era ministro da Casa Civil quando as denúncias sobre corrupção começaram. Gomes também lembrou que nenhum petista afastado da direção do partido tem mandato parlamentar: o ex-presidente José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Silvio Pereira.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

"Os fatos indicam que a crise foi gerada no Poder Executivo e manteve relações com segmentos da sociedade, como empresas e o Congresso", afirmou Gomes. "Todo mundo sabe onde nasceu a crise e a sociedade quer uma resposta da Câmara."

O terceiro secretário da Câmara ressaltou ainda que, no pronunciamento, Severino deverá falar das frentes de investigação criadas no Legislativo, como as comissões parlamentares de inquérito dos Correios, do Mensalão e dos Bingos e a apuração do Conselho de Ética e da Comissão de Sindicância.

"Vamos fazer uma prestação de contas", explicou o presidente da Câmara. "É um momento de crise e os 513 deputados estão preocupados não apenas com a imagem do Congresso, mas também com a credibilidade do político", afirmou Eduardo Gomes.