Título: Trabalho da PF é impessoal, diz Thomaz Bastos
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Metrópole, p. C5

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, defendeu ontem a Operação Narciso, por meio de sua Assessoria de Imprensa. Ele afirmou que o trabalho desenvolvido pela Polícia Federal (PF) é feito de "forma impessoal, republicana, sem proteger ou perseguir qualquer dos investigados, respeitando todos os direitos dos cidadãos". Segundo Thomaz Bastos, os agentes envolvidos na ação de anteontem respeitaram as portarias de 1º de julho, baixadas por ele, que normatizam as operações de busca e apreensão da PF. As portarias definem, entre outras regras, que é proibida a presença de pessoas estranhas ao trabalho, como jornalistas e fotógrafos, e que a intimidade das pessoas investigadas deve ser preservada.

O ministério reafirmou que a Operação Narciso não foi comandada pela PF, mas pelo Ministério Público Federal (MPF), em conjunto com a Receita Federal. A polícia atuou como suporte do trabalho desenvolvido.

A assessoria do ministro informou ainda que essa não é uma medida isolada no combate à sonegação e à corrupção no País. De janeiro de 2003 a 30 de junho deste ano, foram contabilizadas pela Polícia Federal 85 grandes operações com 1.532 pessoas presas.

NOBRES E SERVOS

Numa manifestação de apoio à Operação Narciso, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) atacou ontem a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que, sem citar nomes, saiu em defesa da Daslu e de sua proprietária, Eliana Tranchesi. Por meio de nota oficial, os juízes disseram que a reação da Fiesp é um "resquício do período em que convivíamos com uma distinção entre nobres e servos, estando os nobres acima da lei".

Segundo a Ajufe, a PF age no combate ao crime sempre respeitando os "elementos de probabilidade de existência do crime, como bem destacou o respeitado jurista Dalmo Dallari". A associação defendeu a operação de busca e apreensão e as prisões feitas pela PF com o argumento de que, nesse tipo de ação, há sempre o risco de eliminação das provas dos supostos crimes. A nota destacou, também, que "a Justiça é para todos e não apenas para os mais aquinhoados da sociedade (...) Não há, nessas operações, nenhuma afronta ao Estado Democrático de Direito, ao contrário, o que existe é o seu reforço, pela comprovação de que ninguém em nosso País está acima da lei".