Título: CPI vai rastrear nomes em cartórios
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Nacional, p. A5

A CPI dos Correios deverá fazer um levantamento em cartórios de todo o País para confrontar as identidades das pessoas que tiveram operações bancárias vultosas com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e com suas agências, SMPB e DNA. O anúncio foi feito ontem pelo relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), depois da descoberta de que o nome de um morto foi usado para sacar alta quantia em dinheiro de uma das contas da SMPB no Banco Rural, em Belo Horizonte.

A revelação foi feita em reportagem publicada pelo jornal O Globo. O ferroviário mineiro Jonas de Pinho morreu em dezembro de 1999, mas aparece em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviado à CPI, como responsável por um saque de R$ 152,6 mil em espécie feito na conta da SMPB em 16 de julho de 2003. Três anos depois da sua morte, o CPF do ferroviário foi usado para fazer o resgate do dinheiro, que teve como justificativa pagamento de folha de pessoal.

A CPI trabalha com a hipótese de que o saque tenha sido feito por Jonas de Pinho Júnior para driblar taxação pela CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) depois que surgiu a informação de que Marcos Valério deu um cheque de R$ 152 mil ao filho do ferroviário morto. Jonas de Pinho Júnior trabalha na agência de publicidade mineira I-3.

Para boa parte dos integrantes da CPI, a confirmação da existência de um fantasma em meio à movimentação financeira milionária da SMPB e DNA reforçou a necessidade de reconvocação de Valério para novo depoimento e as suspeitas de que ele operava um grande esquema de lavagem de dinheiro. "A situação dele só se agrava", disse Serraglio. "Isso mostra que ele usou todos os mecanismos para lavar dinheiro", afirmou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). Para o senador Cesar Borges (PFL-BA), o rastreamento levará à descoberta de doleiros e de mecanismos para evasão de divisas.