Título: Preso carcereiro com 12 caixas de notas e documentos queimados de Valério
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Nacional, p. A7

Uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas apreendeu ontem documentos contábeis da agência de publicidade DNA na residência do carcereiro aposentado Marco Túlio Prata, no bairro Flamengo, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o delegado Elder Dangelo, foram encontradas cópias de notas fiscais da DNA em 12 caixas de papelão. Uma parte dos documentos estava acondicionada em dois tambores e já havia sido queimada.

A operação foi deflagrada para cumprir mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra o carcereiro aposentado, que, segundo a polícia, é irmão de Marco Aurélio Prata, proprietário do escritório Prata e Castro Associados.

O escritório presta serviços para o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e foi alvo de uma operação da Polícia Federal no dia 23. Os agentes apreenderam CPUs e grande quantidade de documentos fiscais e de natureza diversa, encaminhados para Brasília.

Segundo a Polícia Civil, os mandados foram expedidos pela Justiça, já que Marco Túlio é acusado de homicídio e estava sendo investigado pela Promotoria de Combate ao Crime Organizado por tráfico de armas. Além dos documentos, foi apreendida também grande quantidade de armas de grosso calibre, explosivos e munição.

O promotor Leonardo Barbabela, que preside o inquérito civil instaurado para investigar as agências de Marcos Valério, disse que as escutas autorizadas pela Justiça identificaram a possibilidade de que documentos fiscais da DNA poderiam ser encontrados no local.

ANÁLISE

Segundo ele, foram encontradas notas fiscais destinando serviços terceirizados a órgãos públicos e privados. Barbabela disse que o MP vai requisitar o material e analisar a possibilidade de superfaturamento dos valores das notas, licitação fraudulenta e improbidade administrativa. Segundo ele, outras prisões podem ocorrer.

Os documentos, do período de 1998 a 2003, foram periciados pela Polícia Civil. "Havia dois latões, tipo barril de petróleo, até a metade com papéis carbonizados, identificados como sendo da DNA", disse o delegado Dangelo. A DNA informou, por meio de sua assessoria, que só se posicionará sobre quanto tiver acesso ao auto de apreensão.

Em depoimento à CPI, Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária da SMPB - outra agência que tem Marcos Valério como sócio -, afirmou que o publicitário tinha um amigo na Polícia Civil que fazia trabalhos para ele, como grampos. Ontem, ela não foi localizada.

RESISTÊNCIA

Marco Túlio e o filho Vinicius Prata Neto foram levados para a Corregedoria da Polícia Civil, onde depuseram durante todo o dia. A operação ocorreu por volta das 6h15. O carcereiro e o filho estavam armados, resistiram à prisão e precisaram ser imobilizados.

Conhecido pela violência, Marco Túlio é assassino confesso de Ernandes Teixeira de Paiva, de 23 anos. Na sua casa, policiais acharam 17 armas de fogo de grosso calibre, algumas de uso privativo das Polícias Civil e Militar. As armas não tinham registro. Foram encontrados também silenciadores, carregadores de metralhadoras, dez granadas, mira telescópica, bombas artesanais, rádios e vasta munição.