Título: Félix quer recuperar imagem da agência
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Nacional, p. A9

Preocupado com o desgaste da Abin provocado pela crise que resultou na queda do delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix, quer recuperar a imagem do órgão. "É preciso tirar as lições com o que aconteceu e continuar trabalhando em defesa da atividade de inteligência, que tem sido muito maltratada", disse ele ao Estado. O futuro da Abin só será decidido quando o presidente Lula voltar da França, no fim de semana. Auxiliares do presidente acreditam que o substituto de Mauro Marcelo deverá ser um nome técnico, discreto e que não traga novos problemas para o governo. Com isso, o general Félix se fortaleceu no cargo e poderá até fazer seu sucessor, que poderá ser o próprio interino José Milton Campana. O afastamento de Mauro Marcelo será publicado no Diário Oficial de hoje e novo escolhido precisa ter seu nome aprovado pelo Senado.

O general Félix diz que seu papel, neste momento, "é apagar incêndio", depois do que chamou de "dois eventos traumáticos" que envolveram a Abin: a ida do agente Edgard Lange à CPI dos Correios e a mensagem de Mauro Marcelo, que provocou a ira dos parlamentares, inclusive governistas, que se comprometeram com os demais colegas de pedir a cabeça do delegado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Evitando reacender a polêmica sobre a mensagem de Mauro Marcelo, o general, que esteve ontem na Abin para conversar com os funcionários, diz que considera o assunto "página virada". Ele justificou apenas que tentou "contornar a situação (no Congresso) com uma retratação, mas não adiantou porque os fatos políticos andaram mais rápidos". Segundo o general, "a pressão foi grande demais". Naquele momento, também, o presidente Lula já tinha tomado a decisão de afastar Marcelo para sustar a nova crise.

O ministro do GSI fez questão de dizer que ele mesmo tentou junto à CPI que a sessão para ouvir o agente Edgard Lange fosse sigilosa, mas, em votação, o pedido foi negado. "Tentamos, dentro da lei, fazer com que a sessão fosse sigilosa, mas, em nenhum momento quisemos obstruí-la, justamente para não expor o funcionário e nem o órgão", afirmou o general.

Ele lembrou ainda que pediu a Advocacia Geral da União que apoiasse o agente, mas a AGU preparou um habeas corpus para que ele entrasse como pessoa física e, quando o advogado chegou ao Supremo Tribunal Federal com o pedido, a sessão já havia começado no Congresso e a ministra de plantão achou que não adiantava mais nada. A AGU não quis comentar o ocorrido.