Título: Aldo volta à Câmara 'sem levar mágoas'
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Nacional, p. A6

Depois de quase um ano de disputas com a Casa Civil, coordenador político retorna ao plenário segunda-feira e já planeja disputar novo mandato em 2006

BRASÍLIA - Depois de uma queda-de-braço de quase um ano com o grupo do deputado José Dirceu (PT-SP), o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, deixou ontem o governo ressaltando que não leva mágoas para a Câmara, onde retoma sua vaga pelo PC do B. "Não levo nenhuma mágoa ou ressentimento, a minha relação com o PT e com as demais forças aliadas sempre foi política, nunca levei a disputa para o campo pessoal", disse. "É a volta do boêmio." Aldo foi à tarde ao comitê de imprensa do Planalto para informar que entrega o cargo segunda-feira. Contou que o presidente Lula disse que poderia precisar dele em outubro. Aldo, sempre cotado para a Defesa, teria respondido que no fim do ano estaria engajado num projeto de candidatura para 2006.

Segundo ele, Lula ressaltou, na reunião ministerial da manhã, que precisava de referências no Congresso para uma boa articulação política. Por isso, "convidou" Aldo e Eduardo Campos (PSB), que deixou a Ciência e Tecnologia, a voltar à Câmara para defender o governo. Há 15 dias, Lula disse que ambos ficariam no governo, mas, com o agravamento da crise, teve de mudar de idéia.

"O presidente disse que gostaria de contar com nossa ajuda no Congresso", frisou Aldo. A uma pergunta se tinha "gás" para atuar na tropa de choque do Planalto, depois do longo tempo de ataques petistas, Aldo se disse pronto para "enfrentar a correnteza". "Sempre encarei (a disputa com setores do PT) com espírito político e lúdico".

Lula, contou o ministro, demonstra estar "chocado e indignado" com as revelações de corrupção no PT e no governo. "O presidente avalia que o País, o governo e o Congresso podem funcionar levando em conta os interesses maiores da sociedade. Os erros devem ser investigados e os culpados, punidos."

EXPLICAÇÃO

O secretário especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, negou ontem que tenha pedido demissão por sua pasta ter perdido o status de ministério. "Há 40 dias vinha conversando com o presidente sobre minha saída." Na terça-feira ele entregará o cargo para se dedicar à campanha a presidente do PT de Minas. "Antes, havíamos acordado que eu sairia no fim do ano. Mas pedi para ser incluído na reforma. E o presidente Lula concordou", explicou.

"Quero defender Lula, o governo e o PT", afirmou ele, destacando que a crise "é política". Sobre a escolha de seu sucessor, afirmou: "Não sei quem será. Na terça-feira o presidente vai anunciar".

À noite, ele elogiou a escolha do ministro da Educação, Tarso Genro, para presidir o PT, assim como a do ex-ministro Ricardo Berzoini para a secretaria-geral e do deputado José Pimentel para a tesouraria. "O núcleo envolvido no erro político foi substituído por gente de fora, que tem maior distanciamento", disse, ressaltando que não estava julgando o ex-presidente do PT José Genoino nem o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Silvio Pereira.