Título: Emprego na indústria paulista teve pior taxa do ano em junho
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

O nível de emprego na indústria paulista, apurado pela Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), registrou em junho o pior desempenho do ano e para esse mês desde o ano 2000, quando teve início a atual série histórica do indicador. Ainda assim, foram criadas 5.816 vagas nas indústrias do Estado em junho, o que representa uma alta de 0,28% ante maio, sem ajuste sazonal, e queda de 0,13% com ajuste. Na comparação com junho de 2004, o nível de emprego teve alta de 4,6%. E no acumulado do primeiro semestre de 2005 ante o mesmo período do ano passado o emprego industrial paulista cresceu 6,3%.

O diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, disse que há claramente uma desaceleração na criação de vagas, mas ressalvou que a entidade "ainda não pode levantar a bandeira da queda no nível de emprego". "Estamos num ramerrame de razoável estabilidade", observou.

De qualquer forma, dos 47 sindicatos patronais que compõem a pesquisa mensal da Fiesp, 26 demitiram em junho e 15 contrataram. No ano, não havia sido registrado número maior de setores com corte de funcionários do que no mês passado.

"Nosso olhar para o futuro é de razoável pessimismo, com o decréscimo dos indicadores industriais", afirmou Francini. Ele reiterou que a projeção da entidade para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano é de 3%, com a indústria crescendo 4% (praticamente a metade do verificado ano passado). O empresário ressaltou, no entanto, que a desaceleração só não é maior porque há cenários diferentes para cada setor da economia.

Os setores mais ligados à exportação e ao crédito ainda verificam crescimento, mas a massa salarial decrescente, os juros que "garroteiam" e o câmbio inadequado às vendas externas já começam a dar sinais de efeitos sobre a indústria. "Não estamos nem em pânico nem em euforia", completou.

Francini afirmou que a crise política tem um impacto importante na perspectiva futura dos empresários, sobretudo em novos investimentos, porque não se sabe onde ela desembocará. Mas disse que ainda não dá para medir a intensidade do impacto sobre a atividade industrial.

As maiores taxas de criação real de empregos foram registradas nos setores de matérias-primas para fertilizantes (1,92%), congelados e supercongelados (1,91%). Os de pior desempenho foram móveis de junco e vime, vassouras e pincéis (-4,65%), proteção de tratamento de superfícies (-3,01%) e calçados de Franca (-2,87%).