Título: Juros ao consumidor se mantêm
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Economia & Negócios, p. B4

Os juros ao consumidor fizeram uma parada técnica neste mês. Duas pesquisas divulgadas ontem mostram que o custo financeiro dos empréstimos ficou praticamente inalterado de maio para junho e de junho para julho. As taxas ao consumidor acompanharam a decisão do Comitê de Política Monetária de manter o juro básico, a Selic, em 19,75% ao ano, na reunião de junho. O levantamento da Fundação Procon de São Paulo, realizado na primeira semana deste mês, mostra que a taxa média mensal de juros do empréstimo pessoal pesquisada em dez instituições financeiras, que era de 5,42% em junho, foi para 5,43% este mês. O acréscimo foi de apenas 0,01 ponto porcentual.

Movimento semelhante ocorreu no cheque especial. No mês passado, a taxa média estava em 8,27% ao mês e subiu para 8,29% em julho, com uma ligeira alta de 0,02 ponto porcentual.

Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), de âmbito nacional, revela que a taxa média ao consumidor, envolvendo 6 linhas de crédito, ficou estacionada em 7,66% ao mês, ou 142,47% ao ano, de maio para junho. Nas linhas de crédito do comércio (6,13%), do cartão de crédito (10,26%) e do cheque especial (8,22%) não houve alteração em relação ao mês anterior. Pequenos recuos foram registrados no Crédito Direto ao Consumidor dos bancos, de 3,68% ao mês em maio para 3,64% em junho, e no empréstimo pessoal das financeiras, de 11,87%ao mês em maio para 11,85% em junho. Houve uma ligeira alta no empréstimo pessoal dos bancos, de 5,81% ao mês para 5,83% em junho.

"Ao contrário do que ocorreu no início do ano, quando as instituições financeiras se anteciparam e reduziram os juros acreditando que o governo iria cortar a taxa básica, desta vez elas não querem se arriscar", observa o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. Esse é um motivo que explica em parte a cautela dos bancos, financeiras e do próprio comércio. Oliveira aponta também o aumento da inadimplência registrado por vários indicadores como outro fator que inibe um corte nos juros ao consumidor.

Além disso, ele observa que existe agora um ingrediente novo para complicar as expectativas. Na sua opinião, as instituições financeiras estão cautelosas porque não sabem até que ponto os escândalos políticos vão afetar a economia. "Isso poderá provocar um certo nervosismo no mercado e adiar a queda dos juros para setembro." Ele pondera, no entanto, que, do ponto de vista da inflação, já há condições técnicas suficientes para reduzir as taxas.

A diretora de Estudos e Pesquisas do Procon-SP, Cláudia Costa, lembra que, apesar da estabilidade das taxas, elas ainda são muito elevadas. No cheque especial, por exemplo, juros mensais de 8,29% ao mês equivalem a 160,14% ao ano, muito acima do rendimento da poupança (6%) e da inflação (6%).