Título: FMI elogia decisão do Brasil de pagar antes
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Economia & Negócios, p. B4

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo de Rato, aplaudiu a decisão do governo brasileiro de pagar adiantado US$ 5,1 bilhões da dívida de pouco mais de US$ 20 bilhões com a instituição e elogiou as autoridades econômicas do País por seus sucessos nos últimos anos. Rato observou que a capacidade do Brasil de antecipar o pagamento referente ao "Supplemental Finance Facility", a parte mais cara da dívida com o FMI, "reflete a forte moldura macroeconômica e institucional existente e uma posição de balanço de pagamentos muito mais forte do que se antecipava, o que reflete em larga medida o desempenho impressionante das exportações".

Segundo Rato, "políticas econômicas sólidas e reformas reduziram significativamente as vulnerabilidade e aumentaram a confiança na economia".

No mercado financeiro, o pagamento adiantado ao Fundo deve reforçar a blindagem da economia brasileira em meio à pior crise política do governo Lula, pois confirmará a leitura positiva que o mercado financeiro já vinha fazendo sobre a conjuntura, a despeito do mensalão e de dólares encontrados em malas e cuecas. "Os indicadores da economia continuam melhorando e a última pesquisa de opinião mostrou que o presidente Lula está politicamente preservado", disse o economista Ricardo Amorim, chefe do Departamento de Pesquisa para a América Latina do WestLB, em Nova York.

Ele lembrou que a conjuntura mundial continua favorável, com grande liquidez de capital em busca da boa remuneração oferecida pelo Brasil. "As exportações continuam aumentando e a inflação está caindo, o que abre a possibilidade de uma redução de juros neste semestre."

Segundo Amorim, a percepção de que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tem se fortalecido é também parte da tranqüilidade com que o mercado acompanha a crise. Para o economista, a posição de Palocci é reforçada pela decisão de adiantar o pagamento ao FMI, pois mostra que Palocci e a equipe econômica mantêm a capacidade de atuar e produzir boas notícias no momento em que o restante do governo permanece atordoado e sem ação o Congresso está paralisado.