Título: Alimento pesa menos no orçamento do brasileiro do que no do argentino
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2005, Economia & Negócios, p. B5

O grupo de alimentos é o que tem maior peso no orçamento das famílias nos países do Mercosul, exceto no Brasil. No IPCH brasileiro, o grupo de alimentos e bebidas não alcoólicas tem peso de 17,68% e é o segundo maior depois de transportes (20,49% de peso). "Isso mostra como a alimentação no Brasil nos últimos anos tem um preço relativo menor, com aumento da competitividade e eficiência no setor agrícola. Esses pesos mostram hábitos diferenciados, mas também preços diferenciados", explicou o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ.

Na Argentina, por exemplo, o peso dos alimentos é de 25,24% e dos transportes, de 14,06%.

No caso das bebidas alcoólicas e fumo, o peso nos índices chileno e argentino é de 2,55%, enquanto no Brasil é de 1,91%. No que diz respeito à recreação e cultura, o peso é muito maior no bolso dos argentinos (peso de 7,86% no IPCH) do que no Brasil (5,41%).

PROJETO

Marcia Quintslr, do IBGE, disse que a maior parte dos produtos pesquisados nos índices de inflação dos cinco países foram harmonizados no IPCH, mas alguns grupos foram deixados para inclusão futura, como serviços médicos, jogos de azar e seguros.

Ela disse que o projeto da criação da estatística harmonizada de inflação, pelo menos até o momento, não tem como objetivo a formação de um índice de inflação média dos cinco países.

Para Cunha, o mais importante do IPCH é que consiste no primeiro passo para a efetiva harmonização estatística no Mercosul, o que, para ele, é o único caminho possível para a harmonia das políticas econômicas dos países para avanço do bloco econômico.

"Isso faz parte de um projeto de longo prazo, que é o próprio Mercosul", disse.