Título: FAB terá trabalho com Mirage, dizem técnicos
Autor: Roberto Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Nacional, p. A7

Especialistas apontam incompatibilidades dos caças com os sistemas da Aeronáutica

A aviação de combate do Brasil vai cuidar da defesa do espaço mais estratégico do País com 12 caças Mirage 2000-C usados. A compatibilidade dessa pequena frota com os sistemas e padrões logísticos da FAB está sendo discutida. Fontes da área técnica do Comando da Aeronáutica garantem que será necessário modificar significativamente muitos recursos básicos, como rádios, por exemplo. Os Mirage não poderiam operar em conjunto com os aviões-radar R-99A Guardião, de alerta avançado e controle, porque não têm o equipamento que faz a integração. Também não estariam definidas a linha de suprimentos e a incorporação dos novos sistemas de armas. Especialistas estimam que o processo de homogeneização possa demorar até dois anos, período em que os Mirage atuariam com limitações de emprego.

Os presidentes Lula e Jacques Chirac assinarão amanhã em Paris o contrato de compra e venda "por meio de acordo de cooperação aeronáutica". Os interceptadores supersônicos da França foram construídos na década de 80 e estão em uso regular na Armée de l'Air. O custo, cerca de 60 milhões, cobre também peças de reposição e componentes. Os jatos serão entregues revisados, em seis meses. Em 31 de dezembro sairão do ar definitivamente os atuais caças Mirage IIIE/Br usados pelo 1.º Grupo de Defesa Aérea.

Os Mirage 2000-C são jatos desenvolvidos para missões de superioridade, que garantem o controle do espaço. Voam a 2,2 mil quilômetros por hora e podem levar 6,3 toneladas de bombas, mísseis e várias cargas de combate. O radar RDM tem capacidade de leitura e disparo contra vários alvos simultaneamente detectados em diversas posições e níveis de altitude.