Título: Gastos de Delcídio e PT em 2002 são investigados
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2005, Nacional, p. A10

Justiça de MS suspeita que presidente da CPI dos Correios e partido tenham gastado mais do que o declarado

CAMPO GRANDE - O PT e o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), têm suas contas da campanha de 2002 sob investigação da Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul, por suspeita de terem gastado mais do que declararam. Além disso, o partido recebeu doação de R$ 2 milhões de uma empresa com sede em paraíso fiscal. Na declaração do comitê financeiro do PT, que cuidou da campanha do senador e do governador do Estado, candidato à reeleição, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, é citada como doadora a empresa ADM Exportação e Importação Ltda, com sede na cidade de Vitória, no Espírito Santo.

Na época, o procurador Luiz de Lima Stefanini chamou a atenção para o fato de que essa empresa é uma sociedade anônima cuja controladora tem sede nas Ilhas Cayman. "A sinalização de ilicitudes mostra-se cintilante", disse o procurador.

As contas dos candidatos petistas foram aprovadas no aspecto formal pelo TRE, mas continuam sob investigação judicial.

O procurador afirma que "a esse órgão ficou evidente que o Partido dos Trabalhadores gastou quantias, arrecadadas ou não, bem maiores do que consta de sua prestação".

O parecer de Stefanini ressalta que o então candidato ao Senado declarou que iria gastar R$ 3 milhões, mas apresentou despesa de apenas R$ 1,4 milhão.

"Quem pôde observar a propaganda eleitoral neste Estado constatou que esse candidato praticou verdadeira derrama de recursos. Não me é possível opinar pela aprovação das contas de Delcídio Amaral", cita o procurador.

Entre os doadores da campanha do PT no Estado aparece ainda o Banco Rural, supostamente envolvido no esquema do mensalão denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), com doação de R$ 200 mil.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) figura na relação de contribuintes da campanha do parlamentar com a quantia de R$ 100 mil. O senador Delcídio também pôs recursos próprios em sua campanha: cerca de R$ 500 mil em dinheiro vivo, conforme a sua prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul.