Título: Economistas esperam queda da Selic mais cedo
Autor: Célia Froufe, Francisco Carlos de Assis e Rita T.
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

De forma geral, o mercado financeiro antecipou suas projeções para a retomada do corte da Selic agora em relação a um mês atrás. Pesquisa feita em junho com 45 analistas do mercado mostrou que a maior parte previa que a redução seria no bimestre setembro/outubro. No levantamento atual, com 44 economistas, houve um deslocamento para o bimestre agosto/setembro. A concentração das apostas hoje é em setembro, com 22 citações. Para 18 analistas, a Selic cairá a partir de agosto, e para quatro, em outubro. Na pesquisa de junho, 20 profissionais projetavam a redução do juro básico em outubro, ante 17 em setembro, 7 em agosto e 1 em novembro, mês descartado agora por todos os entrevistados.

Assim como no mês passado, os economistas salientam que tudo ainda pode mudar - como mudou de um mês para cá -, de acordo com os próximos indicadores de atividade e inflação. Além disso, será fundamental interpretar o recado que os diretores do Banco Central darão na ata do Copom, que será divulgada daqui a 15 dias.

Todos têm dúvidas sobre o início dos cortes em função da estratégia mais conservadora do BC, afirmou o economista Luís Fernando Cezário, do HSBC, que prevê uma Selic mais baixa a partir de agosto ou setembro.

Para o economista-sênior do Banco WestLB do Brasil, Adauto Lima, a chance de o corte ocorrer em agosto é de 60%, e de 40% em setembro. "De qualquer forma, a Selic cairá gradualmente", disse. O economista Diogo Rehder, do Banco Pine, mostrou-se mais confiante na aposta de que haverá um corte já no próximo mês. "O BC manterá o juro na semana que vem e mudará seu discurso na ata", previu.

Para o diretor financeiro do Banrisul, Ricardo Hingel, setembro será o "timing" correto para iniciar a queda do juro. Ele afirmou que sua análise se baseia no comportamento conservador do Copom, mas que a decisão não é matemática. "É uma questão estratégica e de sensibilidade. Reduzir a Selic em agosto seria uma decisão muito prematura", disse.

O economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, estima que a Selic ficará menor a partir de setembro. "A evolução do IPCA é que será determinante para a decisão", disse, acrescentando que os dados de julho serão muito importantes na avaliação da inflação. "Conforme for, o BC poderá antecipar a decisão para o próximo mês", ponderou.

Também o economista Otávio Vaz, da Questus Asset Management, espera corte em setembro. "É grande a chance de manutenção no próximo mês", avaliou. Na Nobel Asset Management, o economista Daniel Chrity espera o corte em setembro, mas admite que poderá ser antecipado para agosto. "O BC tomará uma das duas decisões: ou antecipará os cortes ou será mais agressivo quando tomar optar pelo corte", disse. Para o economista-sênior da Itaú Corretora Paulo Hermanny, as apostas para o Copom ficarão mais interessantes a partir de setembro, mês em que, acredita, começará o afrouxamento monetário. Para a economista do BES Investimento Simone Pasianotto "os cortes virão só em setembro, quando o BC deverá reduzir a Selic para 19,25% ao ano".

Entre os mais pessimistas estão os economistas do Citibank, Bradesco Asset Management, SulAmérica de Investimentos e BNP Paribas .