Título: Polícia apreende mais notas fiscais e papéis queimados
Autor: Eugênia Lopes e Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2005, Nacional, p. A4

Designado para ser sub-relator da CPI dos Correios, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) propôs a prisão preventiva do publicitário Marcos Valério, por destruir documentos da agência DNA. "Valério está inutilizando provas e é preciso adotar medidas para garantir as investigações. Cabe pedir prisão preventiva, já que ele mandou incinerar documentos." Ele disse que o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), "achou procedente" a proposta. O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), preferiu a cautela. "Temos de analisar essa questão sob o aspecto legal. Agora, mais do que nunca, Valério tem de ser ouvido de novo pela CPI. Já há requerimento de reconvocação e ele deve depor em agosto." Fruet quer ainda que uma operação de busca e apreensão nas 14 empresas do publicitário.

O deputado contou ainda que análises preliminares da quebra de sigilo de Valério e de seis empresas de que é sócio indicam que elas eram usadas como canal de distribuição de doações do setor privado para partidos, além de operar o mensalão.

O que chama atenção, segundo Fruet, é a incompatibilidade do faturamento declarado à Receita e o movimento nas contas. Só a 2S Participações, criada para gerir obras do Centro de Preparação Eqüestre da Lagoa, movimentou entre 2003 e maio deste ano R$ 26 milhões. A receita declarada é de R$ 330 mil no período. "Precisamos analisar os dados com cuidado, o que está ficando claro é que Valério era um leva-e-traz."

Para Fruet, tudo indica que empresas que queriam fazer doações a partidos sem se identificar forjavam a contratação de agências de Valério. "Valério dava nota da prestação de serviço por valor menor e sacava os recursos em espécie."