Título: `Revolução Dourada¿ para o Norte e Nordeste
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2005, Economai & Negócios, p. B8

BRASÍLIA - Em 30 anos, o Brasil quadruplicou a produção de grãos enquanto só dobrou a área de plantio; elevou a produtividade média das lavouras de 1.280 quilos para 2.905 quilos por hectare; multiplicou por seis os volumes de carne bovina, suína e avícola; aumentou de 7,5 bilhões para 22 bilhões de litros a oferta interna de leite, ao mesmo tempo em que a produção média por vaca ao ano subiu de 500 litros para 1.177 litros. São esses resultados que agora levam a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a uma promessa: promover a "Revolução Dourada" em larga escala da agricultura do Norte e do Nordeste do Brasil, o que já ocorre em parte, como na soja, na fruticultura e no algodão.

Revolução "dourada" a partir do aproveitamento do sol, o mesmo que hoje retarda a melhor produtividade no sertão. São as inovações criadas para amparar a agricultura tropical que agora servirão de suporte ao desenvolvimento de variedades adaptadas ao agreste, ao semi-árido, à floresta úmida - seja com o cruzamento de cultivares, seja com a tecnologia da transferência de genes tolerantes ao rigor dos trópicos.

Segundo Silvio Crestana, diretor-presidente da Embrapa, o avanço da fronteira agrícola no Norte e no Nordeste permitirá o desenvolvimento da agroenergia - produção de palma, mamona, dendê. O governo deverá criar ainda neste semestre o Consórcio Nacional de Agroenergia e um fundo para suporte à pesquisa.

O País fará um balanço energético que dirá quanta energia tradicional é necessária para a produção da nova energia, seja da mamona, do dendê ou da palma. Além do álcool - setor no qual a Embrapa também prepara melhor inserção -, o Brasil caminha para ser importante produtor de energia renovável. Terá papel central no mundo e será, espera-se, ator relevante no campo geopolítico, principalmente ante a perspectiva de que o mundo caminha para a escassez do petróleo. "O Nordeste terá um corredor exportador. A agroenergia criará o corredor partindo do Norte de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão."