Título: Tecnologia tenta alcançar pequenos pela organização
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2005, Economai & Negócios, p. B8

UNAÍ, MG - O pesquisador José Luiz Fernandes Zoby é mais do que um doutor em avaliação de pastagens. Ele criou em Silvânia (GO) um projeto de desenvolvimento sustentado com 600 famílias de agricultores. Depois de organizá-los, deixou o projeto por conta das famílias. Há dois anos empreendeu novo desafio. Dar apoio a 3 dos 24 assentamentos localizados no distrito de Garapuava, município de Unaí (MG), distante 260 quilômetros de Brasília. Mais que transferência de tecnologia criada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Zoby quer induzir a criação de organizações autônomas. "Não há outra maneira de assegurar o desenvolvimento destas comunidades", diz. Antonio Medeiros de Jesus, assentado da região, entendeu a importância da organização. Na área de 19 hectares, plantou mandioca, banana, cana e hortaliça. A mandioca colhida há um ano lhe deu o dinheiro necessário para um empreendimento importante - Jesus criou a própria central hidrelétrica, suficiente para produzir energia para a família. Quarta-feira, ele esperava um grupo de adolescentes que se preparam para ser o primeiro grupo de técnicos agrícolas formados apenas por filhos de assentados. "É a nova geração que será capaz de ampliar conhecimentos na pequena propriedade. Médios e grandes produtores já sabem fazer isso", diz Zoby.

É o caso de Nelson Cappellesso, agricultor no Centro-Oeste. Como associado da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), que este ano receberá 12 mil toneladas de trigo de 94 produtores, é periodicamente instruído sobre como cuidar da plantação. Dez dos 30 hectares de trigo irrigado estão cobertos com a mais nova variedade da Embrapa, a BRS 254. Cappellesso vai produzir sementes de uma variedade que promete muito no cerrado. Recebe instruções do agrônomo da cooperativa, algo que pouco existe na pequena propriedade.