Título: Polícia pode ter prova de mesada
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2005, Nacional, p. A8

A Polícia Civil tem nas mãos o que pode ser a primeira prova material do mensalão na Câmara Municipal de São Paulo. Em 5 de janeiro deste ano foram apreendidos R$ 90 mil, em dinheiro, na casa do ex-vereador Antonio Paes da Cruz (PL), o Baratão. O dinheiro não teve sua origem comprovada até agora. O ex-vereador é um dos acusados pelo tesoureiro do PPS Rui Vicentini de ter sido beneficiado pelo mensalão do governo da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). O dinheiro que está depositado em uma conta, em poder da Justiça, foi descoberto por acaso na residência onde morava o ex-vereador, na Freguesia do Ó, numa investigação de homicídio que envolvia um de seus netos.

"O dinheiro estava dentro de um envelope, no armário do quarto do ex-vereador", diz o delegado José Antônio do Nascimento, que passou a apurar a ligação dos R$ 90 mil com o mensalão municipal.

Em depoimento prestado à polícia, Baratão afirmou que o dinheiro tinha sido guardado por ele e pela sua mulher, Marli Campos da Cruz - que trabalhava como assessora na Câmara. Ele apresentou ainda as cópias de seus rendimentos como vereador - algo em torno de R$ 6 mil mensais.

Os bens acumulados por ele estão sendo investigados. De ex-gari, cargo que ocupava quando foi candidato a vereador pelo Prona em 2000, Baratão conseguiu acumular um patrimônio de R$ 232 mil, segundo documento da Justiça Eleitoral.

Entre seus bens há duas casas em São Paulo, uma na Praia Grande e um terreno. No depoimento dado à polícia, o ex-vereador diz que o dinheiro guardado na sua casa serviria para a compra de um outro imóvel.

Ontem, a polícia ouviu o depoimento do tesoureiro do PPS, que reiterou as acusações de envolvimento de Baratão com o mensalão municipal.

O advogado do ex-vereador, Cézar Rodrigues, afirmou que seu cliente comprovará que o dinheiro tem origem lícita e apresentará todas as suas declarações de imposto de renda.

O PT nega as acusações de existência de um mensalão municipal, e diz que o tesoureiro do PPS não tem "qualificação" para fazer qualquer acusação.