Título: `Choque de gestão¿ terá dificuldades para passar
Autor: Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

BRASÍLIA - O debate sobre ajustes na política econômica ganhou alguma animação no início deste mês com a proposta de déficit nominal zero, formulada pelo ex-ministro e deputado Delfim Netto (PP-SP). Ela, porém, não decolou. Da proposta, sobreviveu a idéia de adotar o chamado "choque de gestão", que deveria ter sido anunciado na semana passada, mas não foi. O consultor Raul Velloso acha que o "choque" terá vida ainda mais curta do que o déficit zero, dados seus componentes impopulares (corte de 10 mil cargos em comissão, por exemplo). No entanto, acredita ele, sem cortar despesas de forma estrutural, o governo não conseguirá sair da administração do curto prazo.

"Não vamos sair desse mundinho do curto prazo para o médio e longo prazos, então estaremos prisioneiros da rotina dos vôos de galinha na economia", comentou. "O governo Fernando Henrique saltou várias fogueiras e resolveu um monte de problemas, mas deixou de criar condições para o crescimento sustentado. Esse era o grande desafio desse governo."

Velloso lembra que, no segundo mandato de FHC, o crescimento médio da economia foi de 2,6% ao ano. Nos dois primeiros anos de Luiz Inácio Lula da Silva, a média está em 2,7%.