Título: Dilma tenta tranqüilizar investidores
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2005, Nacional, p. A11

Com a mesma discrição com que vem administrando a Casa Civil, a ministra Dilma Rousseff passou pouco mais de 24 horas com a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Paris. Enquanto alguns ministros participavam das festas do 14 de Julho, ela foi atrás de negócios. Na noite de quinta-feira, retornou ao Brasil, com avaliação otimista: a crise política não vai prejudicar os investimentos externos em energia. "Os investidores têm sentido que é possível e viável investir no Brasil", disse a ministra, que ficou com a comitiva presidencial em Marigny, casa de hóspedes do governo francês. "Os investidores percebem que o Brasil é um país de estruturas institucionais fortes, que está com uma política de estabilização e que honra seus compromissos", disse ao Estado, ao contar que esteve com a cúpula do Grupo Suez, um dos maiores investidores no Brasil, em duas reuniões que considerou importantes.

A presença de Dilma na comitiva foi cercada de mistério. Ela chegou sozinha na quarta-feira e, na mesma noite, não compareceu no baile de artistas brasileiros na festa da Bastilha, comandada pelo ministro da Cultura, o cantor e compositor Gilberto Gil. Naquele momento, tentava tranqüilizar e atrair os investidores em um encontro com o presidente mundial de Suez, Gerard Mestrallet, com o presidente da Suez Energy Internacional, Jan Flachet, com o vice-presidente, Pascal Roger, e o presidente do grupo no Brasil, Maurício B¿hr.

INSUBSTITUÍVEL

Dilma deixou claro ao grupo, que controla no Brasil a Tractebel Energia, que o País oferece condições para a expansão de seus investimentos. Outra notícia boa que ela deu a seus interlocutores foi que o Congresso Nacional autorizou, semana passada, estudos para a construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, e a liberação para duas novas hidrelétricas no Rio Tocantins.

Ela convidou o Grupo Suez a participar dos leilões de energia nova em dezembro. Mestrallet disse à ministra que, depois da França e da Bélgica, o Brasil se apresenta como o maior pólo de atração para investimentos.

O encontro havia sido marcado antes de Dilma deixar as Minas e Energia. Ela ainda tentou ser substituída pelo titular, mas os dirigentes do Suez não quiseram. Atualmente, a Tractebel - que comprou a geração de energia da Eletrosul - é dona de grandes hidrelétricas privadas, como Itá, Machadinho, Cana Brava, Salto Santiago, Salto Osório e Passo Fundo, além de 5 termoelétricas.