Título: Banco de crédito dobra rentabilidade
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2005, Economia & Negócios, p. B1

O sucesso dos empréstimos com desconto em folha alçou os bancos de financiamento à liderança do ranking de rentabilidade do setor, desbancando os famosos bancos de varejo (voltadas ao atendimento de pessoas físicas e empresas). Estudo da consultoria Austin Rating, com 65 instituições financeiras, aponta que o retorno sobre o patrimônio líquido nesse nicho de mercado, especializado no crédito ao consumidor, mais que dobrou no último ano: saltou de 13,5%, em dezembro de 2003, para 34,8%, em março passado.

Nos bancos voltados para o varejo, esse índice subiu de 21,3% para 24,5%.

Segundo o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, o aumento de rentabilidade dos bancos de financiamento está diretamente associado à descoberta da população pelo crédito consignado, cujas parcelas são descontadas em folha de pagamento e a taxa de juros bem inferior aos demais produtos oferecidos no mercado, ficando em torno de 77% ao ano.

Até março, as operações nesse tipo de empréstimo já somavam R$ 15,5 bilhões ante R$ 7,4 bilhões de igual período de 2004. Em maio, a carteira já havia subido para R$ 17,8 bilhões.

O diretor superintendente do Banco Cruzeiro do Sul, Adolpho Nardy, admite que o aumento do crédito consignado tem contribuído bastante para o desempenho do banco, que cresceu a uma média de 30% nos últimos cinco anos.

Segundo Nardy, atendência é continuar nessa trajetória de alta, porque ainda há muito mercado a ser explorado. "No Estado de São Paulo, por exemplo, não é permitido crédito com desconto em folha para o setor público. E trata-se de um grande mercado."

SUPERANDO OS GRANDES

Pelos dados da Austin Rating, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido do Cruzeiro do Sul foi de 33% em março - índice maior que o de Bradesco (29,2%), Itaú (31,2%) e Unibanco (19,2%).

Não se pode deixar de considerar, no entanto, que os bancos de financiamento operam com outras modalidades de crédito, com taxas de juros elevadíssimas. Um fator que contribui para melhorar a rentabilidade dessas instituições.

O diretor operacional do Banco Panamericano, Wilson Roberto de Aro, afirma que o retorno sobre patrimônio líquido da instituição decorre de uma conjunção de fatores.

Além do grande volume da carteira de crédito consignado, as demais modalidades de empréstimos e financiamentos também experimentaram uma economia mais aquecida, especialmente de setembro para cá.

A rentabilidade do Banco Panamericano em março ficou em 16,1%, mas a expectativa de seu diretor é que feche este semestre na casa dos 20%. Em dezembro, a previsão é atingir 25%, destaca ele. Além do Cruzeiro do Sul e do Panamericano, dois outros destaques de rentabilidade em março, segundo o estudo da Austin Rating, foram Banco Bonsucesso (142,2%) e BMG (100%).