Título: Emprestar para empresa média é o melhor negócio
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2005, Economia & Negócios, p. B3

As instituições voltadas ao financiamento ao consumidor também melhoraram seus índices de eficiência (uma relação entre despesas administrativas e de pessoal e resultado bruto da intermediação financeira mais receita de serviços), de 62,7% para 57,1%. Quanto menor o índice, maior a eficiência. Mas, segundo estudo da consultoria Austin Rating, com 65 instituições financeiras, os melhores resultados foram verificados entre os bancos de middle market, focados em crédito para empresas de médio porte. O indicador médio desses bancos fechou março em 54,8%, o menor do setor bancário.

Já os bancos de atacado e negócios tiveram uma piora de cerca de 15 pontos porcentuais no seu índice de eficiência, de 38,9% em 2003 para 53,7% neste ano. Segundo o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, a explicação é que esses bancos ganham muito dinheiro com tesouraria em operações estruturadas. Como o mercado em 2004 não foi tão volátil, os ganhos foram menores, diz ele. A rentabilidade dessas instituições estava em 21% em março. Os bancos de varejo, que têm estrutura mais pesada por causa da rede de agências, registram o pior índice de eficiência do setor, com 60,8%.

Outro ponto analisado pelo estudo da consultoria foram os indicadores de inadimplência. Nesse aspecto, os bancos de financiamento, que tiveram melhor rentabilidade, também foram os com maiores índices de perdas, de 4,4%. Em dezembro de 2003, esse número estava em 3%, bem menor que os 6,6% dos bancos de varejo. No último balanço apresentado pelas instituições, as posições se inverteram. Os bancos de varejo conseguiram reduzir seu índice para 3,9%.

Os bancos de financiamentos também estão na liderança no item alavancagem de crédito. Enquanto o varejo tem uma carteira de crédito 3,5 vezes o seu patrimônio líquido, as instituições especializadas em financiamento têm um indicador que representa 5,1 vezes o seu patrimônio. Com a quebra do Banco Santos, as instituições de médio porte tiveram problema de caixa com o movimento de saques feitos pelos clientes. A solução foi fazer parcerias de cessão de crédito com os grandes bancos, como Bradesco. Além disso, passaram a apostar na criação de Fundos de Direitos Creditórios, os chamados Fdics, com papéis atrelados à carteira de crédito. Com isso, conseguem captar recursos para emprestar no mercado.