Título: Situação é de 'normalidade', diz secretário de Segurança
Autor: Clarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2005, Metrópole, p. C3

Apesar da onda de pânico que tomou conta dos moradores do Rio em virtude do confronto de sábado à noite, quando o Túnel Zuzu Angel - que passa ao lado da Favela da Rocinha - foi fechado por três horas num conflito entre policiais e traficantes, o secretário de Segurança Pública do Rio, Marcelo Itagiba, disse que "a cidade vive uma situação de normalidade". O clima ontem na favela, em São Conrado, zona sul, foi tranqüilo. Já no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, zona norte, dois homens morreram em um tiroteio com a polícia. "As pessoas circulam pelo Rio normalmente, todas as horas do dia e da noite. Não vivem uma situação de pânico. Podem ter medo naquele exato momento em que o confronto está acontecendo, mas a cidade tem uma vida normal", afirmou Itagiba, durante a abertura de um curso de capacitação de policiais e peritos na Academia de Polícia.

O secretário considerou "positiva" a ação da polícia ao enfrentar os bandidos da Rocinha, afirmando que os policiais evitaram que "pessoas inocentes fossem feridas". O protesto que interrompeu o trânsito na Estrada Lagoa-Barra e no Túnel Zuzu Angel, por volta de 21 horas, começou porque os moradores da Rocinha ficaram revoltados com a morte de um homem depois de uma operação do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope).

Traficantes aproveitaram a manifestação para fechar a saída do túnel, que desemboca perto da Rocinha, com paus e pneus. Lançaram bombas e deram tiros. Apavorados, motoristas tentavam voltar pela contramão. Algumas pessoas abandonaram seu carros e correram pelas galerias do túnel, que ficou às escuras após os tiros acertarem um transformador.

Apesar de admitir que "não se pode evitar que traficantes posicionados num ponto mais alto da comunidade (favela), com acesso à vias expressas, criem problemas nessas vias", Itagiba garantiu que haverá policiamento na entrada e na saída do túnel Zuzu Angel.

CONFRONTO

A operação no Morro do Dendê reuniu cerca de 150 policiais civis de cinco delegacias especializadas. Segundo o delegado Rodrigo Oliveira, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), os dois homens que morreram eram traficantes. Eles foram identificados como Alexandre Rodrigues, o VL, e outro conhecido como Buiu.

O alvo da polícia era Fernando Gomes de Freitas, gerente do tráfico, que não foi preso.